O primeiro Festival Discos Submarinos celebra dois anos da editora com o mesmo nome criada pelo músico Benjamim e acontece este sábado no Teatro Taborda, em Lisboa.
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Benjamim, Beatriz Pessoa, Margarida Campelo, Tipo, Tape Junk & Pedro Branco, Velhote do Carmo e Rita Cortezão completam o alinhamento do evento que conta com atuações de todos os artistas que integram o catálogo da editora. Rita Cortezão é a mais recente adição: a cantautora, que edita para o ano o seu primeiro álbum, promete ser uma das grandes revelações da temporada.
O festival acontece em dois palcos: no Jardim do Café da Garagem, com vista sobre a cidade, e na carismática Sala Principal do Teatro Taborda. Os concertos começam às 17 horas. Em clima de festa, o objetivo é celebrar o que a editora já conseguiu em dois anos e antecipar o que ainda estará por vir.
Luís Nunes, ou Benjamim, conta ao JN que tudo começou na procura de colmatar uma lacuna que o músico sentiu existir nas editoras em Portugal, face ao número de projetos.
“Na nossa cena musical, basicamente estamos todos um pouco isolados na nossa bolha digital. Temos as nossas músicas, o Instagram, Spotify, Bandcamp, estamos numa bolha de comunicação, que é um mundo um bocado individualista, torna-se num sítio muito solitário”, começa por explicar o cantautor.
Tudo isto reflete uma enorme contradição, já que, para si, a música é sobretudo “uma atividade de conjunto”. Ela é “a expressão artística que permite que duas pessoas não estejam em competição, mas estejam a complementar-se uma à outra”, destaca.
Desafios de um músico moderno
Para Benjamim, muitas das pessoas que fazem música estão “um pouco perdidas” na luta para encontrar um lugar ao sol. “Hoje em dia, tem que se ser artista, tem que se ser comunicador, tem que se criar conteúdo”.
A esta vontade de ajudar e guiar juntou-se um sonho antigo, já de quando o cantor fez parte de alguns projetos editoriais independentes, como a Pataca Discos. “Achei que era agora a vez de criar um selo; e, felizmente, a Força de Produção achou a ideia interessante e apoiou-me. Por isso, estamos juntos a fazer este projeto, algo que espero que vá crescendo”, frisa.
E chegamos ao festival: para celebrar dois anos, para materializar tudo isto, veio a ideia de juntar os artistas, “de fazermos um evento em que podemos apresentar-nos como queremos, num sítio que escolhemos e fazer muito, com o que temos”.
Dois anos passados desde a sua fundação, os Discos Submarinos contam com cinco álbuns e um EP editados. A editora criada por Benjamim, juntamente com a Força de Produção, é a responsável pelo lançamento do primeiro EP de Velhote do Carmo, “Páginas amarelas “(2022) – uma das grandes revelações da cena indie rock dos últimos anos - e do antecipado primeiro álbum de originais de Margarida Campelo, “Supermarket joy,” em 2023, ano em que editou também o terceiro registo de estúdio de Beatriz Pessoa, “PRAZER PRAZER” , que ajudou a firmar o nome da cantaurora portuguesa.
Este ano tornou-se também a casa de Tape Junk & Pedro Branco (projeto que junta dois dos mais prolíficos músicos portugueses da atualidade) com o álbum “Bolero”; e de Tipo, que lançou o seu segundo longa duração, “Vigia” (passagem recorrente em várias rádios nacionais) com o selo da editora. Também em 2024, foi editado o sexto álbum de originais de Benjamim, “As Berlengas”, marco na carreira do músico.