Única longa portuguesa em Cannes, "Diários de Otsoga" é um dos destaques da 29ª edição do Curtas Vila do Conde
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Aos poucos, vai ganhando forma a programação da 29ª edição do Curtas Vila do Conde, que se realiza de 16 a 25 de julho, com extensões a Lisboa e ao Porto. Foi anunciado esta quinta-feira que "Diários de Otsoga", o filme realizado durante o primeiro confinamento por Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro, será uma das estreias nacionais do festival, poucos dias depois da primeira exibição pública, que decorrerá na Quinzena dos Realizadores de Cannes.
Para a mesma secção do festival, Da Curta à Longa, foi ainda anunciada a estreia do novo filme do brasileiro Helvécio Marins Jr., "Lutar, Lutar, Lutar", corealizado com Sérgio Borges, e que narra a história do Clube Atlético Mineiro, desde a sua fundação até ao título ganho em 2014, acompanhando uma das mais efervescentes e fiéis torcidas do futebol canarinho.
De regresso ao Curtas está Quentin Dupieux, realizador em foco na edição de 2015 e de que vimos em sala no ano passado com o delirante "100% Camurça". Agora, o também autor de "Rubber", o melhor filme de sempre sobre um pneu assassino, apresenta em estreia nacional o seu último trabalho, "Mandíbulas", onde volta a testar os limites do humor e do absurdo. Depois de Vila do Conde, o filme chegará ao circuito de salas já em setembro.
Cinema e música
O Curtas volta a apostar também nos espaços de cruzamento entre a sétima arte e a música. Alinhadas para secção Stereo deste ano estão as atuações da harpista espanhola Angélica Salvi, que musicará o filme "Shoes", de Louis Weber, e o coletivo liderado por Yaw Tembe, Chão Maior, que sobe ao palco do Teatro Municipal de Vila do Conde numa das raras apresentações ao vivo do seu mais recente trabalho, em colaboração, com o realizador Igor Dimitri.
A programação do Stereo inclui a cada vez mais aguardada Competição de Vídeos Musicais, que integra, entre outros, "Lote B", de António Zambujo, realizado pelo animador Pedro Serrazina, e novos vídeos de autores como Bruno Pernadas, Luta Livre, Stereoboy, FUGLY ou os Sereias.
O festival já tinha anunciado os filmes da Competição Internacional e da Competição Experimental, com 51 títulos oriundos de 24 países, numa seleção que volta a cruzar o documentário, a ficção e a animação. Em destaque, na Competição Internacional, os regressos de Ana Elena Tejera, Virpi Suutari, Georges Schwizgebel, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca e Guy Maddin.
Em destaque estarão as estreias nacionais de "Night for Day", de Emily Wardill, uma obra que tem como eixo central um conjunto de entrevistas a Isabel do Carmo, revolucionária da resistência contra o regime fascista em Portugal, e "Quattro Strade", de Alice Rohrwacher, um diário impressionista sobre a vida durante o primeiro confinamento geral em Itália.
No campo da Competição Experimental, marcam presença seis filmes portugueses, realizados por Sandro Aguilar, Lúcia Prancha, Pedro Maia, Margarida Albino, Kate Saragaço-Gomes e Helena Gouveia Monteiro. E regressam a Vila do Conde Rosa Barba, Christoph Girardet, Matthias Mueller, Morgan Quaintance e Peter Tscherkassky, vencedores de prémios em edições passadas do festival.
Estavam também já anunciadas retrospetivas dedicadas ao cinema dos iranianos Ali Asgari e Farnoosh Samadi, a solo ou em dupla, da cineasta grega Jacqueline Lentzou, da irlandesa Lynne Ramsey e do português Jorge Jácome. Aluno da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e da francesa Le Fesnoy - Studio National des Arts Contemporains, já expòs em vários espaços dedicados à arte contemporânea e colaborou em projetos no âmbito das artes performativas. O seu trabalho cinematográfico inclui obras como "Past Perfect", "Fiesta Forever" e "Flores".