Novo álbum do londrino Gaika é um trabalho pós-género com base no hip-hop que confirma a diversidade do músico.
Corpo do artigo
Modo "drift on" ligado, vamos dar umas voltas pelo géneros musicais. Entramos nesta viagem (e que longa e complexa será), que nada mais é do que o terceiro e novo álbum de Gaika, o artista londrino que tem as suas bases no hip-hop, mas que nunca se deixou confinar por barreiras de género. E este álbum é a prova e o apogeu dessa característica.
A primeira faixa do longa duração que se intitula "Drift" é quase como um mostrar de raízes - tem tudo o que se pode pedir do atual hip-hop. Com um beat marcadamente pronto a receber barras que chegam à semelhança do "old school", é, ainda assim, incorporado o uso de guitarras e baterias que denunciam o que se poderá passar mais adiante.
É pois em faixas como "Sublime" que esse uso de cordas, percussão e piano ganha força - ou até em "Exit to Cisco", que nada mais é do que 24 segundos de guitarra, que marca quase como o momento camaleónico do disco. A partir daí, com "Lady" (o single e primeira faixa revelada), "O vampiro" ou o final de "Vicious chambers", poderíamos achar que a tecnologia pela qual escutamos o disco (no caso de ser uma plataforma de streaming) fez das suas e ativou o modo "aleatório" sem qualquer aviso, saltando para um outro disco, para um outro artista. Mas nada disso, continuamos a escutar Gaika, ainda que, agora, nos soe a punk ou rock.
O final de "Drift", para aumentar ainda mais a cacofonia, deixa os pés a mexer. No instrumental "And there goes the challenger", o mundo funk alia-se a tudo o que tinha sido ouvido nas 12 faixas anteriores.
Apesar de este álbum ser o mais complexo e diverso até ao momento, não é de admirar o trilho em curva e contracurva escolhido pelo artista. Olhando para a sua carreira, percebemos que diversificar nunca foi mal visto, uma vez que Gaika já trabalhou com companhias de dança, para programas de televisão e para instalações e obras de arte contemporânea.
O londrino nunca atuou em Portugal e, até ao momento, não há previsão que o fará, tendo concertos marcados em Berlim e no Reino Unido.