Ao contrário das previsões, “Emilia Perez” dividiu prémios com “O Brutalista”
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Se os Globos de Ouro, mesmo na sua atual configuração, continuam a ser uma antecâmara dos Oscars, os prémios de cinema mais aguardados do mundo, então pode dizer-se que a corrida às famosas estatuetas de Hollywood vai ser bem mais renhida do que se pensava há alguns dias.
É verdade que, domingo ao fim do dia, “Emilia Perez”, a comédia musical mexicana de Jacques Audiard, levou para casa o maior número de Globos de Ouro nas categorias de cinema, vencendo 4 das 15 categorias, mas ficando ainda longe das 10 para que o filme estava nomeado.
E se o prémio para melhor filme de comédia ou Musical é um dos mais importantes, os restantes, melhor filme em língua estrangeira, melhor atriz secundaria em filme de comédia ou musical, para Zoe Saldana, e melhor canção, estão longe de bater em significado os três Globos de Ouro de “O Brutalista” (estreia em Portugal a 23 deste mês), sobre um arquiteto que foge da Europa no pós Segunda Guerra Mundial, para se instalar nos Estados Unidos: melhor filme de drama, melhor realizador, para Brady Corbet e melhor ator em drama, para Adrien Brody.
A grande surpresa, negativa, para “Emilia Perez” foi a não confirmação do favoritismo da atriz trans espanhola Karla Sofia Gascón, batida em cima da linha por Demi Moore, protagonista da comédia de horrores, com o maior banho de sangue do ano, “A Substância”. É verdade que a espanhola, a força da natureza que carrega todo o filme de Audiard, foi recordada em palco por Zoe Saldana e pelo realizador, mas as contas para os Oscars ficaram baralhadas e vão agora recomeçar do zero.
Surpreendente, pela positiva, foi o Globo de Ouro para a brasileira Fernanda Torres, pelo drama em fundo de ditadura militar “Ainda Estou Aqui”, do cineasta Walter Salles. Com estreia entre nós marcada para dia 16, o filme valeu um dos discursos mais emocionados da noite, com a atriz a não esquecer a mãe e sua coprotagonista, a lendária Fernanda Montenegro.
De fora nesta corrida, ficaram assim outras potenciais vencedoras, como Nicole Kidman, Angelina Jolie ou Tilda Swinton. Sem distinção entre drama e musical/comédia, as nomeações para o Oscar de melhor atriz vão ser das mais cerradas das últimas temporadas.
Sebastian Stan repetiu o prémio de interpretação em Berlim com o Globo de Ouro para melhor ator em comédia ou musical por “A Different Man”, que estranhamente não se viu por cá, onde interpreta o papel de um aspirante a ator que transforma a sua aparência para ter mais hipóteses de sucesso. Como em “A Substância”, mas num caminho oposto, o plano não vai correr como previsto…
Ainda na área do cinema, Kieran Culkin foi eleito melhor ator secundário por “A Verdadeira Dor” (estreia por cá no dia 16), Peter Straughan levou o único prémio de “O Conclave” pelo seu argumento, “Flow”, uma animação lituana, venceu na sua categoria, “Challengers”, um dos filmes de 2024 de Luca Guadagnino, viu ser-lhe considerada a melhor banda sonora e, como esperado, “Wicked” conquistou o novo Globo de Ouro para sucesso cinematográfico ou comercial.
Do lado dos Globos de Ouro para televisão, a série “Shogun”, disponível por cá na Disney+, e já carregada com várias mãos cheias de Emmys, venceu em 4 das 12 categorias disponíveis, Série, Ator e Atriz de Drama e ator secundário.
Significativos foram ainda os prémios de melhor interpretação em minisséries ou telefilmes, para Jodie Foster e Colin Farrell, respetivamente por “True Detective: Night Country” e “The Penguin”. As séries “Hacks”, “Baby Reindeer” e “The Bear” também foram premiadas, bem como o trabalho de Ali Wong na comédia stand-up “Single Lady”.