Instituição tem coordenados de 46 designers nacionais e espólio de múltiplas empresas têxteis.
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"Já não era sem tempo o Porto ter um Museu da Moda", diz Luís Pereira, curador do novo Museu da Moda e do Têxtil em Portugal, inaugurado ontem ao fim da tarde, no complexo World of Wine, em Vila Nova de Gaia.
"Normalmente faz-se um museu quando se tem um espólio. O que aconteceu aqui foi um processo inverso: nós tínhamos o local e faltava-nos o espólio" disse o curador ao JN.
O museu teve um custo aproximado de 10 milhões de euros, projetado em 2015 e executado a partir de 2019. Está dividido em dois pisos de dois mil metros quadrados.
O primeiro piso, o mais técnico, é onde os visitantes podem ver relíquias de importantes empresas, como a Riopele, TMG e Tintex. Na mostra, balizada entre o século XVI e a atualidade, estão presentes várias imagens de entidades do império têxtil que já não existem, como a Empresa Fabril do Norte. Para este levantamento foi essencial a colaboração de Liliana Pereira, arqueóloga com uma tese sobre arquitetura industrial.
Neste piso há também matérias-primas, das mais antigas, como a lã, até outras mais recentes, de Maria Gambina, criadas a partir de cortiça ou poliamidas recicladas.
Além das matérias-primas é também possível ver processos como a fiação, debuxo, tecelagem, tinturaria, confeção e montra.
parada de estilistas
À entrada do segundo piso encontra-se um núcleo dedicado à filigrana. Segue-se o calçado nacional, dividido por géneros, com modelos de Carlos Martins e Luís Onofre desmontados para melhor se perceber os componentes, cortes e modelos. Há também uma oficina de sapateiro para se apreciar as ferramentas.
A terminar o percurso estão coordenados de estilistas portugueses, começando por pioneiros dos anos 1980, como Ana Salazar, Eduarda Abbondanza, Manuela Gonçalves e José António Tenente, João Tomé e Francisco Pontes. Este segmento foi dos mais árduos de criar, pois grande parte do espólio está exposto no MUDE, em Lisboa.
Na sala seguinte veem-se coordenados de 46 designers, incluindo Miguel Vieira, Luís Buchinho, Nuno Baltazar, Fátima Lopes, Maria Gambina, Filipe Faísca, Luís Carvalho, Anabela Baldaque, Diogo Miranda, Hugo Costa, Alexandra Moura, Ricardo Preto e Carlos Gil.
A derradeira sala é dedicada ao "Sangue Novo", jovens valores que se têm destacado nos principais eventos de moda portugueses: Portugal Fashion e Moda Lisboa.
Catarina Jorge, coordenadora do projeto, explica que este é o público a que pretendem chegar: "Um público jovem, que tem interesse pelo design e pela moda".