Injeções e cristalização de joias criam fogo de artifício em espetáculo de dança
Companhia francesa CCN Ballet de Lorraine apresenta-se esta sexta-feira e sábado no Teatro Rivoli, no Porto. Programa duplo inclui coreografias de Adam Linder e de Maud Le Pec.
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A companhia CCN Ballet de Lorraine regressa ao Teatro Municipal Rivoli, no Porto, com um programa que é “ fogo de artifício”, assegura ao JN Valérie Ferrando, da companhia francesa. Há apenas duas récitas, esta sexta-feira e sábado, ambas às 19.30 horas.
A última vez que o coletivo francês passou pelo Porto vinha munido de um repertório dedicado a Merce Cunningham. Desta feita, a proposta incide sobre o australiano Adam Linder e “Acid gems”, que esteve recentemente na Invicta com a performance “Shelf life” no Museu de Serralves, e com “Static shot”, de Maud Le Pec, coreógrafa francesa que é das que mais contribuiu para o repertório do Ballet de Lorraine.
A junção destas duas obras foi uma proposta do Rivoli: “Penso que o público irá reagir bem, penso que irá desfrutar da energia e da força imposta pelos bailarinos”, diz Valérie Ferrando.
E acrescenta: “É um programa muito poderoso, são duas peças que vamos juntar pela primeira vez. Nunca pensei como é que estas duas coreografias se ligam. Têm ambas interceções com a estética das danças de rua, mas, ao mesmo tempo, são obras que contêm vocabulário da dança clássica e mostram como se podem adaptar”, conta ao JN.
Mudar de canal a meio da peça
A obra de Maud Le Pec está criada de um ponto de vista cinematográfico, e também televisivo, “como se a meio da obra pudéssemos mudar de canal e entrar numa estética diferente”, revela Ferrando.
A responsável garante ter uma curiosidade especial em saber como o programa vai funcionar no Rivoli, mas antecipa um bom equilíbrio. “Ambas as peças têm qualidades semelhantes e um nível de energia máximo. O cansaço, aqui, vem de ter de estar constantemente no ponto exato, no momento exato. Isto vai ser fogo de artifício”, antecipa.
“A peça ‘Acid gems’, de Adam Linder, é aquela que representa um desafio maior, pois ainda foi muito pouco rodada. Então é quase como começar do zero”.
Como escreveu o coreógrafo australiano, “Acid gems” procura inspiração em “Jewels”, de Balanchine, atualizando a ideia deste de incutir nas formas do bailado as características das pedras preciosas: as várias faces, cristalização e brilho. O resultado é uma “peça animada e caleidoscópica numa paisagem visual poderosa”.
Sem princípio, meio ou fim
Já “Static shot”, de Maud Le Pec, está “situado entre a peça coreográfica, a instalação cénica e o dispositivo cinematográfico. A dramaturgia da peça, concebida como um bloco de corpos, imagens e sons, não terá princípio, meio ou fim.
Como num clímax permanente, o grupo de bailarinos sustentará esse pico em conjunto, com a energia sempre a precisar de ser mantida no seu auge”, disse Le Pec.
“Neste momento além do programa que estamos a fazer para o Porto, com duas coreografias, temos outras duas novas produções a estrear em duas semanas e estamos a ensaiar tudo ao mesmo tempo”, concluiu Valérie Ferrando.