3ª edição do projeto da Companhia Olga Roriz de apoio à criação acontece entre sexta-feira e domingo no Palácio Pancas Palha. A entrada é livre.
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Um festival plural, experimental e transversal a várias práticas artísticas. Durante três dias, o Palácio Pancas Palha de Lisboa, espaço de trabalho da Companhia Olga Roriz, vai transformar-se num local de partilha da atividade de oito projetos artísticos, que ganham uma voz e um lugar onde expor o seu imaginário, transformado em arte no decorrer de uma residência de um mês.
No Interferências, projeto bianual da Companhia Olga Roriz de apoio à criação e que começa agora a sua 3ª edição, propõe-se uma “rede de intimidade”, onde qualquer risco é “vivido de forma coletiva”. Assume-se a interferência “não como um ruído que afasta, mas como a vibração necessária e urgente que une o trabalho artístico”, começa por explicar ao JN o diretor, Bruno Alexandre.
Criado em 2019, o evento consegue já fazer um balanço “bastante positivo” das duas primeiras edições (‘19 e ’21) já que, além de o público ter aderido, alguns dos projetos que ali nasceram e se apresentarem lograram depois “outros apoios institucionais de teatros em Portugal” – o que permitiu uma maior visibilidade e circulação dos mesmos, explica este responsável.
É esse o grande objetivo do festival: dar voz à criatividade de mais projetos, apoiando-os no processo de criação mas também na parte da exposição. "Não se tratando de uma competição, o Interferências nasce de uma vontade de acolher, apoiar e incentivar a criação”, diz Bruno Alexandre. Por isso os artistas são selecionados a apresentar os seus trabalhos nos três dias do festival, mas, antes, todos os projetos tiveram uma bolsa de apoio à composição, além de apoio técnico, logístico e de divulgação.
91 candidaturas
Na prática, foi aberta uma Open Call e aceites 91 candidaturas. Destas, foram escolhidos oito projetos, que “abrangem diferentes práticas artísticas, nomeadamente a dança contemporânea, o teatro e a instalação sonora”, diz Alexandre. Este ano, o júri foi constituído pelo diretor, em conjunto com António Quadros Ferro, Maria Gil e Olga Roriz.
Os artistas selecionados para 2023 são Alex & Pedro Russo, Daria Nowak, Francisca Pinto, Izabel Nejur, Joana Levi, Laura Ríos, Rina Marques e Sara Pinheiro & Artur Pispalhas. São eles que, durante os dias do festival, mostram os seus trabalhos nos espaços interiores e exteriores Palácio, num evento aberto ao público e de entrada gratuita – a programação pode ser consultada online (https://interferenciascor.com/).
Além dos espetáculos e performances, o Interferências pretende-se também um espaço onde há lugar para outros momentos e intercâmbios, como conversas de jardim, uma feira do livro imaginada por um conjunto de artistas, ou uma festa na última noite, com DJ.
"Ao pensarmos o Festival Interferências, reconhecemos que as palavras desejo e fragilidade estão presentes desde a primeira edição. O desejo assenta na vontade de criar um espaço real,
embora efémero, onde projetos artísticos possam expor o seu imaginário, onde procuramos proporcionar as condições de trabalho para uma nova criação”, reitera Bruno Alexandre.
Já a fragilidade é uma palavra que tem estado, frisa, “na linha da frente do estado de exceção permanente em que se vive na área da cultura”, propondo o festival “que a olhemos com a instabilidade que a define”; porém “deslocando-nos para a possibilidade de a habitarmos em conjunto”, conclui