Kim Dickens sobre "Fear the walking dead": "A ideia era abrir uma janela para o apocalipse"

A sétima temporada de "Fear the walking dead", spin-off de "The walking dead", termina hoje e traz consigo o reaparecimento da personagem Madison Clark, interpretada por Kim Dickens. A atriz foi uma das protagonistas das temporadas 1 a 4 e uma das personagens mais admiradas pelo público. A série de sucesso do canal AMC já foi renovada para a oitava temporada e Dickens, que continuará a fazer parte do elenco, diz que "há muito por descobrir".

Já não fazia parte da série há alguns anos. O que a fez regressar?

Já tinha seguido em frente e deixado a série para trás. Durante a pandemia, o Ian Goldberg e o Andrew Chambliss [produtores da série] perguntaram-me se podíamos reunir para ter uma conversa. Fiquei surpreendida mas disse que sim. Depois, apresentaram-me a ideia e achei logo espetacular. Estava a meio de outros projetos mas fiquei disponível. Por isso, foi um conjunto de coisas boas no momento certo.

Como foi regressar às gravações da série?

Comecei a ler o guião e fiquei muito entusiasmada. Os sentimentos da Madison estavam todos lá. Quando vi alguns episódios da temporada 7, senti-me nervosa por voltar. Regressei ao Texas, fui buscar a minha roupa, e o primeiro dia foi nostálgico. Passado algum tempo, voltei a ganhar o hábito. É quase como andar de bicicleta.

O que vai acontecer com o retorno de Madison?

Já se passaram alguns anos e Madison conseguiu sobreviver ao fogo no estádio. Por isso, vai haver muito por descobrir. Como é que ela chegou? Onde é que ela está? O que mudou?

Identifica-se com a personagem que interpreta? Em que sentido?

Essa é uma ótima pergunta. Sou uma pessoa muito rápida no que toca a emergências. Não em assuntos de vida ou morte, claramente, mas sempre fui muito despachada. Interpretar a Madison fez-me uma pessoa mais forte e fez-me pensar de forma diferente. Provavelmente, em caso de necessidade, seria uma boa lutadora.

Como foi trabalhar com Ian, Andrew e o resto da equipa?

Foi fantástico. Acho que o Ian e o Andrew chegaram com uma história espetacular, por isso estávamos todos em sintonia. Partilhámos ideias e, quando regressei, muitos já estavam familiarizados comigo. Havia imensa gente nova, mas também havia muitas pessoas com quem já tinha trabalhado, por isso foi uma espécie de reunião familiar. Senti-me bastante segura.

Na sua opinião, qual seria o final perfeito para a Madison?

Não sei. Acho que o principal objetivo dela é encontrar a família que perdeu.

Antes de ser convidada para participar na série, já gostava de produções deste género?

Quando me convidaram para ler o guião estava ocupada a fazer "House of cards", por isso acabei por ficar de fora. Também não era um género com o qual estivesse habituada a trabalhar e achei mesmo que o melhor era não ir nessa direção. Eles continuaram a insistir e, quando li, achei a personagem incrível. Apesar do género ser, para mim, bastante singular, havia temas próximos de coisas que já tinha feito. Havia vida e morte, como em "Deadwood" ou "Treme" [séries nas quais Kim Dickens participou]. Este género é apenas uma forma diferente de contar histórias e eu abracei logo a personagem. Fico muito grata de ter conseguido o papel.

Como se preparou para interpretar a personagem Madison Clark?

Vi um pouco da série original, mas os produtores disseram-me para não o fazer. Não queriam que me sentisse presa ao formato já existente. A ideia era fazermos algo diferente, mas que abrisse uma espécie de janela para o apocalipse. Madison é a personificação de uma mulher que vive uma situação apocalíptica, por isso rumei mais nessa direção. Tentei não ser uma heroína em ação, apenas uma pessoa normal.

Além de "Fear the walking dead", está a trabalhar em mais algum projeto?

Faço parte do elenco do filme "The good nurse", que irá sair este ano. É baseado em factos reais e conta a história de um assassino em série. É uma ótima película de suspense e conta com atores muito bons, como a Jessica Chastain e o Eddie Redmayne. Estou muito ansiosa pela estreia.