Ator britânico Lennie James interpreta Morgan, personagem central na série americana "Fear the walking dead". Em entrevista ao JN explica como se chegou ao final da popular história apocalíptica.
Corpo do artigo
Estreia esta segunda-feira, no canal AMC, o 2.º episódio da oitava e última temporada de "Fear the walking dead". A série que iniciou em 2015, e que serve de prólogo à série-mãe "The walking dead", chega agora ao fim.
Depois de nos ter mostrado, nas primeiras temporadas, o início da convivência com o temível vírus que transforma os humanos em zombies e aniquila a população mundial, "Fear..." já alcançou a linha cronológica da série principal.
Lennie James, ator inglês de 57 anos que protagoniza Morgan, a personagem principal do enredo atual, falou com o JN sobre as reações e emoções para o desenlace da narrativa.
Qual foi a sua reação quando recebeu o argumento e soube como seria esta temporada final? A história é como esperava ou ficou surpreendido com o desenvolvimento?
Foi um pouco de tudo, na verdade. Algumas das coisas eram esperadas, algumas foram uma surpresa total e outras foram um choque! Acho que a grande vantagem desta temporada foi termos a oportunidade de opinar sobre como moldar o seu desenlace, para decidir, até certo ponto, como gostaríamos que os nossos personagens saíssem deste final. Obviamente, como acontece em todas as temporadas, houve algumas derrotas difíceis de suportar, mas foi, estranhamente, uma espécie de galvanização. Já éramos um grupo unido, mas aproximou-nos ainda mais estarmos a enfrentar o fim em conjunto. Nenhum de nós vai além desta temporada, o que criou uma certa camaradagem entre todos.
Quanto do Morgan que vemos no ecrã foi inspirado em si próprio?
Muitas das coisas do Morgan são o que eu admiro em alguém. Provavelmente é uma ilusão, e sou apenas eu a querer pensar bem de mim mesmo [risos], mas eu admiro o Morgan principalmente pela sua lealdade, e acho que os meus entes-queridos reconhecem essa qualidade em mim. Não sei se levei isso até ao Morgan ou se é apenas uma das coisas que temos em comum.
Morgan é um dos personagens mais flexíveis da série, mostrando diferentes perspetivas de si mesmo. Podemos esperar ainda mais desenvolvimento desta personagem?
Surpreendentemente, sim. Até certo ponto, estou até desconcertado por ser possível haver ainda mais facetas deste homem para mostrar. Mas acho que nesta 8.ª temporada aprendemos muitas coisas sobre o Morgan que ainda não sabíamos. Ele mostra-nos agora partes de si mesmo que não conhecíamos e prova ser capaz de coisas que talvez não suspeitássemos. Felizmente, esta derradeira temporada é também sobre quem são realmente as personagens, é sobre o seu crescimento e desenvolvimento.
Sente mais responsabilidade do que os restantes por ser uma personagem "crossover" com "The walking dead"?
Não sinto. Estou ciente disso, mas não sinto responsabilidade acrescida. Quando aparecia para fazer o meu trabalho no "The walking dead" era o mesmo peso de quando apareço para fazer "Fear". O meu trabalho é dar vida ao Morgan, independentemente de onde ele esteja e do que esteja a fazer. Sem querer soar muito pretensioso, o meu trabalho é permanecer fiel ao Morgan, essa é minha única responsabilidade real.
Na 7.ª temporada, as visualizações não foram tantas quanto o esperado e alguns fãs terão ficado desapontados. O Lennie e os seus colegas sentiram-se pressionados para que este final fosse mais do agrado dos fãs?
Nós não podemos contar apenas a história que queremos. Eu amo os fãs, sou grato por eles e por se terem comprometido com a série, mas é difícil fazer uma história baseada no que se acha que os fãs vão ou não gostar. Os fãs não têm todos a mesma opinião. O que realmente podemos fazer é uma série baseada no que achamos que está certo. E acho que nesta temporada final demos uma reviravolta. Tentamos contar histórias a partir dos nossos corações e tentamos contar histórias baseadas no que pensamos ser verdadeiro para as nossas personagens. Só podemos esperar que os fãs gostem.
Então, nesta temporada final, teremos uma espécie de retorno à primeira temporada, onde tínhamos mais histórias pessoais e mais foco nas relações entre os personagens?
Certamente. Não posso entrar em detalhes, mas sim. Há um salto de sete anos no início desta 8.ª temporada e muita coisa aconteceu nesses anos que passamos à frente. O nosso grupo está separado, estão todos em lugares diferentes, tanto figurativamente quanto emocionalmente. E eles têm muito para resolver entre si. E nós estaremos a viver esses dramas.