
A artista convidou o seu primeiro amor, o cineasta Pedro Cantelmo, para gravar e dar voz ao trabalho
Foto: Pablo Porciunclula/AFP
Documentário revela o lado frágil de Larissa, mundialmente conhecida como Anitta.
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Em abril de 1994, com um ano, Larissa estava vestida de cor de rosa, no seu aniversário, a dançar. Sozinha. “Era uma festa com crianças, mas ela estava sozinha”, junto a duas colunas de som. Hoje, a menina que colocou o bairro brasileiro de Honório Gurgel no mapa, é a estrela planetária Anitta, conhecida pela irreverência e por misturar géneros como pop, funk, reggaeton e música eletrónica. Goste-se ou não, a compositora torna qualquer palco seu, à boleia de uma intensidade inabalável.
Atrás do sucesso está, claro, um ser humano. É desta dualidade personagem-criador que nos fala o documentário “Larissa: O Outro Lado de Anitta”, que estreou há um mês na Netflix. A artista convidou o seu primeiro amor, o cineasta Pedro Cantelmo, para gravar e dar voz ao trabalho. “A Anitta qualquer um pode filmar, a Larissa não. É um segredo bem guardado”, explicou o narrador.
A família e a equipa da cantora sabem-no. “A Anitta não tem medo de se magoar, é a super-heroína. A Larissa é muito vulnerável”, reconheceu a agente Rebeca Léon. Terminadas as atuações e já sozinha com Pedro, a menina de Honório consegue finalmente voltar a si. Com toda a doçura, fragilidade e insegurança, recorda os tempos de bullying na escola. Numa altura de dificuldades económicas da família, decidiu aventurar-se no concurso “Garota Primavera”, cujo prémio era uma bolsa de estudos. “Como é que eu sei que sou... era feia? Porque virei piada no colégio quando me inscrevi”, contou.
O documentário surge como um processo de libertação da cantora, que assume o desgaste e o vazio de um percurso de insatisfação. “Não importava o sucesso que fizesse, nada preenchia o vazio porque o vazio estava dentro e não fora”, notou. Reflexão que transfere para cada um de nós. “Eu decidi ser muito feliz. Você não pode decidir ser feliz também?”

