Espanhóis Niño de Elche & Raül Refree, mais Marina Herlop, atuam sábado no Castelo de Leiria. “Quem tem pedras para construir muralhas, tem pedras para construir pontes, e a música derruba fronteiras, tal como no 25 de Abril”, diz ao JN Gui Garrido, diretor do festival Ágora.
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Este fim de semana, o Castelo de Leiria é palco de cinco concertos, onde, ao contrário do que reza a História, espanhóis e portugueses estarão do mesmo lado da batalha, a “derrubar fronteiras”. Na celebração dos 50 anos do 25 de Abril, Niño de Elche & Raül Refree e Marina Herlop prometem não deixar ninguém indiferente, na terceira edição do festival Ágora.
Gui Garrido, programador e diretor artístico do Ágora, não esconde a felicidade por conseguir levar os espanhóis Niño de Elche, vocalista e guitarrista, e Raül Refree, guitarrista, compositor e produtor, ao Castelo de Leiria, onde atuarão às 18 horas de sábado.
“São alquimistas do som, profundos conhecedores do flamenco, e reinventam-se como artistas e pessoas, com diferentes abordagens musicais”, diz ao JN.
"O mundo está veloz e feroz"
Ainda no sábado, às 19 horas, será a vez de Marina Herlop proporcionar um concerto que transportará os espectadores para um universo fantástico, mitológico e feminino.
“É uma catalã com uma capacidade vocal extraordinária, que toca música bastante complexa e onírica”, refere Gui Garrido. Garante uma “viagem sonora a um universo muito peculiar”.
O diretor artístico do Ágora destaca o papel ativo de Niño de Elche na comunidade, em que se posiciona através das letras das músicas, das intervenções nos concertos e das entrevistas que dá. “O mundo está muito veloz e feroz também, e todo o ser humano é político”, afirma.
“Quem tem pedras para construir muralhas, tem pedras para construir pontes, e a música derruba fronteiras, tal como sucedeu no 25 de Abril”, sublinha Gui Garrido.
Público infantojuvenil contemplado
O Ágora volta a abrir as portas do Castelo no domingo, a partir das 15.30 horas, mas desta vez a um público infantojuvenil.
Na oficina “A música dá trabalho”, que requer inscrição prévia, os miúdos terão oportunidade de conhecer o papel de cada uma das pessoas envolvidas num projeto musical. Uma hora e meia depois, a Banda d’A Música Dá Trabalho passa da teoria à prática, ao proporcionar um concerto.
Às 18 horas de domingo, Surma & Inês Condeço, artistas de Leiria, vão atuar juntas num espetáculo criado de raiz para o Ágora, durante uma residência artística que está a decorrer esta semana.
“É um salto para o desconhecido, porque ainda não tinham trabalhado em conjunto”, explica Gui Garrido. Surma está associada ao universo da música eletrónica; Inês Condeço é pianista e compositora.
Além dos concertos, será inaugurada ainda a instalação Thalassa, da autoria de Ângela Bismarck & Diogo Mendes.
Bilhetes custam dois euros
O preço de entrada no Castelo é de 1,05 euros para crianças e de 2,10 euros para adultos.
“Queremos que todas as pessoas possam assistir aos concertos. Vamos viajar por vários lugares: desde o salão nobre do palácio, à igreja da pena, até à torre de menagem”, adianta Gui Garrido.
“O Castelo tem uma mística nos universos musicais do Ágora, que se desdobra no tempo, e onde a palavra é retratada para que a música tenha mais força, propicie experiências de literacia musical, e de reflexão”, diz Garrido. “Temos vontade de deitar muitas muralhas abaixo, emocionais, físicas e culturais”, conclui.