10% das academias não resistiram ao confinamento e consequentes restrições. Plataforma Dança estima que em janeiro o número de fechos suba para 50%.
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"Em janeiro, metade das escolas de dança poderá encerrar". O alerta parte da Plataforma Dança - Associação Nacional de Dança, formalmente constituída em setembro, e que lançou um barómetro, em outubro, para recolher e apresentar um ponto da situação trimestral do setor, que ficou em estado catatónico: os três meses de confinamento obrigatório, as restrições ao funcionamento que se seguiram, a crise económica e medo do vírus foram demolidores.
A Plataforma representa 500 escolas, um universo aproximado de 70 mil alunos e 5 mil profissionais, apontava o presidente, Pedro Fidalgo Marques, em maio. Responderam ao inquérito bailarinos, escolas de dança, companhias e coreógrafos a trabalhar em território nacional. Os resultados, revelou Fidalgo Marques ao JN, apuraram que 10% das escolas já encerraram, e a situação é mais grave ainda, avança o presidente da associação: "O número é superior, ronda já os 15%, porque sabemos, informalmente, que algumas das escolas que fecharam não responderam ao barómetro".
bomba-relógio em mãos
As informações que chegam dos associados fornecem os componentes da bomba-relógio que têm em mãos. "Em janeiro, quando terminarem os lay-offs e as moratórias dos créditos, e caso haja mais restrições à atividade, metade das escolas vai encerrar, porque é insustentável manter a atividade".
Foi também nesse sentido o apelo feito durante uma reunião com o grupo parlamentar do PS, sublinhando o papel formativo destas academias. A plataforma recordou que "não houve surtos causados por escolas de dança" e que a sua atividade fomenta "a criatividade das gerações mais novas". "Portanto, pedimos que não haja mais restrições e que sejamos equiparados ao ensino", acrescentou.
As escolas de dança estão, desde a reabertura, em junho, a funcionar com bastantes limitações, sendo a mais expressiva a lotação dos espaços, para assegurar os três metros de distanciamento dos alunos, o que limita o número de participantes em aula. A maioria das escolas tem menos de metade dos alunos.
Dados preocupantes
Mas o barómetro revelou outros números alarmantes. 75% dos trabalhadores da dança estão a recibos verdes e, em média, cada um perdeu 500 euros no seu rendimento mensal. Pelo menos 5% já abandonaram a profissão, uma percentagem, diz o líder da Plataforma, também subestimada.
Outra das questões levantadas é a da linha de 30 milhões de euros para que os municípios programem atividades culturais. Apenas dois inquiridos dizem ter beneficiado desses apoios, sendo que muitas autarquias cancelaram as aulas de dança nos agrupamentos escolares públicos, fenómeno que se estende também aos colégios privados, deixando os profissionais sem trabalho.
CINEMA
Exibidoras de filmes em dificuldades
No início de junho, o JN revelava as grandes dificuldades das empresas de exibição de cinema, assinalando o risco de falências no setor. Ontem, a Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) alertou que mais de 50% das salas de cinema podem encerrar até ao final do ano se não houver mecanismos de apoio face à pandemia da covid-19. A decisão de encerramento até às 22.30 horas nos 121 concelhos mais afetados abrange grande parte das 544 salas, já que estão concentradas sobretudo nos distritos de Lisboa (144), Porto (90), Setúbal (48) e Braga (40), segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual.