Quase omnipresente nos nossos dias, a cumplicidade entre o ecrã e os quadradinhos, tem quase tantos anos quanto estas duas artes. Mickey Mouse já tem 90 anos.
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No caso do famoso rato Disney, ao contrário do que quase sempre acontece, a estreia deu-se no cinema de animação, em novembro de 1928, tendo chegado posteriormente à BD, a 13 de janeiro de 1930. Essa primeira incursão pelo papel aconteceu nas tiras a preto e branco, publicadas diariamente nos jornais norte-americanos.
Escrita pelo próprio Walt Disney, desenhada por Ub Iwerks e passada a tinta por Win Smith, a tira inicial tinha por título "He"s Going to Learn to Fly Like Lindy". Em cinco vinhetas mostrava um jovem Mickey campestre, deitado num monte de feno, a sonhar acordado com viagens de avião e um encontro com Charles Lindbergh, que fizera o primeiro voo transatlântico sem escalas três anos antes.
O tema da aviação duraria pouco mais de uma semana, quando Mickey despenhou um avião de fabrico caseiro numa ilha repleta de animais selvagens e canibais.
Muita ação, humor e um senso de movimento herdado da animação repetiram o sucesso cinematográfico do rato, mesmo tendo os seus responsáveis gráficos iniciais sido substituídos nesse ano pelo jovem Floyd Gottfredson, que rapidamente assumiria a tira por inteiro, introduzindo muitos dos coadjuvantes que hoje conhecemos. Considerado o "desenhador de Mickey por excelência", ilustrou as suas aventuras até 1975, quando se reformou após mais de 15 mil tiras.
Diário de 1932 a 1995
Nesse longo período, nas tiras diárias, nas pranchas dominicais, estreadas no início de 1932, ou em páginas de revistas, a partir de 1937, Mickey Mouse evoluiu, tornou-se mais sério e graficamente mais humano, viveu aventuras policiais, de ficção científica ou terror, combateu na II Guerra Mundial contra os nazis e foi intérprete de adaptações de filmes, romances clássicos e episódios históricos.
A tira diária foi publicada ininterruptamente até 29 de julho de 1995, data em que as aventuras de Mickey, que há muito se tornara um herói de renome mundial, também impulsionado por grandes autores como Al Taliaferro, Ted Osborne, Paul Murry, Romano Scarpa ou Giorgio Cavazzano, já tinham conhecido outras origens geográficas, como os países nórdicos ou a Itália, sendo desta última proveniência a maioria das histórias que pudemos ler na sua última passagem pelos quiosques portugueses, em 2018.