Laranjas, rosas e azuis pintaram a coleção do criador Miguel Vieira que desfilou, esta sexta-feira à noite, no Museu do Carro Eléctrico do Porto. Respirou-se esperança horas após a organização admitir que esta edição do Portugal Fashion “pode ser a última devido aos atrasos dos fundos comunitários”.
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Durante quatro dias, a moda acontece na Invicta, em mais um Portugal Fashion “contra todas as adversidades”, a anunciar o próximo verão com muita cor, levando o público até “destinos tropicais”, como vincou Miguel Vieira através das suas propostas.
Entre o fúcsia e o laranja flamejante, com azuis e estampados pelo meio, sem faltar o preto, o criador de São João da Madeira apresentou sugestões leves e, ao mesmo tempo, sofisticadas, num passeio imaginário por “locais paradisíacos”.
“A coleção é carregada de detalhes e muito trabalho à mão”, sublinhou o designer, que, mais uma vez, além dos vestidos sensuais e notas plissadas, honrou a alfaiataria com fatos bem estruturados.
No Museu do Carro Elétrico do Porto, Miguel Vieira fez o sol brilhar numa noite em que a chuva causou estragos na Invicta, e emprestou “energia positiva” à edição 53 do Portugal Fashion que se realiza “contra todas as adversidades”.
Depois de ser aplaudido de pé, o designer reconheceu que “há um grande esforço por parte do Portugal Fashion para pôr esta máquina toda a funcionar” e que “é muito complicado fazer omeletes sem ovos", mas, como sublinhou, "o Portugal Fashion consegue e com muita qualidade”.
De resto, Miguel acredita que “os políticos são suficientemente perspicazes par não deixar cair nenhuma semana de moda portuguesa, visto ser um cartão de visita de excelência para promover Portugal além-fronteiras”.
Depois de, em março, ter optado por um evento na loja que tinha no Avis, Porto, também na sexta-feira, Luís Onofre voltou a pisar a passarela com as modelos vestidas de ganga para deixar o calçado brilhar, destacando sandálias coloridas e saltos geométricos.
A seguir, assistiu-se ao arrojo de Alexandra Moura com a coleção “Âmago”, como sempre cosmopolita e alternativa para abraçar o mundo, quando nos corredores se comentava a possibilidade desta edição do projeto da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) poder “ser a última devido aos atrasos comunitários”.
Num comunicado de imprensa, a ANJE reforçou que as edições do Portugal Fashion estavam a ser financiadas por fundos comunitários do Portugal2020, mas que esse quadro de apoios acabou e o "quadro Portugal 2030 ainda não tem candidatura aberta".
Com base na promessa de financiamento que o Governo fez, em outubro de 2022, para a realização do Portugal Fashion, a associação arriscou a realização das últimas edições do evento: outubro de 2022, março de 2023 e a que termina este sábado no Museu do Carro Eléctrico.
"No entanto, os atrasos no processo de atribuição dos fundos europeus prometidos têm estado a pressionar as contas da associação, que, no próximo ano, admite não conseguir repetir o esforço feito até aqui, porque significaria pôr em causa a viabilidade financeira da ANJE", acrescentou a nota.
Assumidas as dificuldades, a ANJE ainda espera encontrar uma solução, em "conjunto com o Governo", que viabilize a continuidade do projeto, com a próxima edição apontada para março de 2024.