Arquiteto de 92 anos, Prémio Pritzker da Arquitetura em 2006, morreu este domingo em São Paulo, no hospital onde estava internado com cancro de pulmão. "Folha de São Paulo" chama-lhe o "último gigante da arquitetura brasileira".
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O autor do Museu dos Coches, em Lisboa, foi também responsável pela Casa do Quelhas, em Lisboa. Era o primeiro sócio-honorário da Casa da Arquitectura em Matosinhos, a quem doou o acervo.
Em 2016, foi condecorado com o Leão de Ouro de carreira na Bienal de Arquitetura de Veneza. No mesmo ano, em Tóquio, recebeu o Prémio Imperial do Japão, um dos mais prestigiados na área, entregue pelo príncipe Hitachi.
Apesar de ser o arquiteto brasileiro mais premiado de sempre, Paulo Mendes da Rocha não se deixava deslumbrar: "Os maiores sucessos de palco muitas vezes foram vaiados no início. Nem sempre o melhor sintoma é um prémio, cuidado", disse em entrevista ao "Diário de Notícias" em 2017, aquando da sua exposição na Casa da Arquitectura.
Foi autor de projetos polémicos e que dividiam a crítica especializada, casos do Museu Brasileiro da Escultura e do pórtico localizado na Praça do Patriarca, ambos em São Paulo. Outro projeto muito criticado foi o Cais das Artes, um conglomerado cultural com teatro, museu e outros, construído nas margens da Baía de Vitória, Espírito Santo. Foi nesta cidade também que o arquiteto passou a maior parte da vida.
A obra de Paulo Mendes da Rocha costuma ser apontada como um exemplo da Escola Paulista da arquitetura brasileira, uma linha de projeto que foi encabeçada por João Batista Vilanova Artigas e bastante difundida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, na qual viria a ser professor.
Considerava que "a arquitetura é uma maneira de dizer quem somos, quem seremos, quem fomos".
A Casa da Arquitectura enviou uma nota às redações, mencionando a "enorme dor e profunda consternação" perante esta perda. A instituição considera Paulo Mendes da Rocha como um "amigo" com quem mantinha "uma relação próxima há muitos anos", recordando que o arquiteto brasileiro doou o acervo integral do seu trabalho à instituição de Matosinhos em setembro de 2020.