11.ª edição do festival indie começa esta quinta-feira e segue até sábado em quatro salas de Guimarães. Mabe Fratti, Jawnino e Toccororo são alguns dos destaques. “Temos vindo a crescer em programação, produção e como experiência para o público”, diz ao JN o organizador Miguel Oliveira.
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Foi em 2013 que o Mucho Flow começou. Era aquilo que tipicamente chamamos "festival de verão". Desde então, já atravessou várias formas, chegou a durar um único dia, chegou a ser um acontecimento “indoor”. Mas em 2019, como um adolescente a atravessar a passagem para a idade adulta, emancipou-se artisticamente - e passou a ser “aquilo que sempre quis ser”, nas palavras do promotor Miguel Oliveira, um festival que se funde com a própria cidade.
Esta quinta-feira regressa a Guimarães para a 11.ª edição contínua, com três dias daquilo que, entre todas as mutações, nunca perdeu: é um bastião de música diversa, nova, independente e com identidade.
Os espetáculos ao vivo ocupam as melhores salas de Guimarães: Teatro Jordão, Centro Cultural Vila Flor, Teatro São Mamede e Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
Desde a “grande” edição de 2019, o cartaz deste ano parece ser o mais arrojado, trazendo, além das valiosas estreias e descobertas, nomes já de sucesso na praça dos espetáculos ao vivo.
É o caso de Mabe Fratti. A violoncelista rasgou caminho pela música erudita e destacou-se entre os pares. Mutou-se depois para um lugar próprio que resultou no mais recente álbum, “Sentir que no sabes” - que o JN já ouviu.
O recente trabalho cruza a mestria do violoncelo com textura eletrónica, toques de pop e uma superlativa voz doce. Não sendo a primeira vez da guatemalteca em Portugal, mataremos esta sexta-feira saudades do “bolo” que, em palco, tal como o camaleónico disco, é ótimo a ser um pouco de tudo.
Vários géneros à solta
Do violoncelo passamos para os beats. Outro destaque nesta edição do Mucho Flow é a presença do rapper Jawnino, que faz da palavra o seu ouro. Dentro deste artista, numa metáfora ao próprio festival e, tal como Fratti, há um pouco de tudo, como num espectograma do que é e do que foi o rap - é comum haver referências, equipamentos e sons analógicos e nostálgicos no seu trabalho -, com o artista londrino a flutuar também sobre grandes grooves de jungle e grime.
Importante é também a presença, em dupla, de 33EMYBW e Joey Holder, naquilo que se espera ser, mais do que um concerto, uma performance sensorial. Isto porque, à primeira, da eletrónica experimental, já reconhecida como uma das principais intérpretes das novas expressões artísticas chinesas, junta-se o segundo, o artista visual que dará fisicalidade ao som da produtora de Shanghai.
Na parte clubbing, há que sublinhar a presença de Toccororo, um dos nomes mais falados da cena djing no Mundo, tendo já passado por festivais como Dekmantel ou o Sónar. Caraterizada por uma batida acelerada, a cubano-espanhola traz sobretudo ritmos latinos, aos quais dá um toque de eletrónica muito próprio.
Mais público internacional
Miguel Oliveira, promotor do Mucho Flow, realça ao JN o crescimento sustentado do festival. “Temos vindo a crescer em programação, produção e como experiência para o público”, afirmando, referindo um aumento anual de mais de 10% em termos de bilheteira. “Este ano, em termos de passes gerais, creio que vamos esgotar e temos já um dia em que a tendência será também para esgotar”.
Sobre o público do certame vimaranense, o responsável confirma também uma diferença: é cada vez mais internacional e cada vez mais ligado ao nome do festival e não ao cartaz. “Espanha já representa mais de 10% da afluência e sentimos que o nome Mucho Flow é reconhecido por um público muito específico, atento às novidades, que procura estreias em Portugal”.
O Mucho Flow arranca esta quinta-feira, 31 de outubro, e estende-se até sábado, 2 de novembro.
Os passes gerais estão à venda por 60 euros e os bilhetes diários custam entre 15 e 35 euros.