O duo que une Moullinex a GPU Panic apresenta-se esta quinta-feira na sala 2 da Casa da Música, num espetáculo 360º já esgotado.
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Da união de duas das maiores forças criativas da música eletrónica nacional – Moullinex, ou Luís Clara Gomes, e GPU Panic, ou Guilherme Tomé Ribeiro – nasceram os MXPU, projeto onde as sonoridades dançáveis e os elementos visuais caminham lado a lado com um claro objetivo: viver uma experiência una, com o público que os assiste.
Depois de lotar duas datas no MAAT, em Lisboa, o duo apresenta-se esta quinta-feira na sala 2 da Casa da Música, para um espetáculo imersivo, a 360º, também já esgotado.
Ao JN, os produtores e performers contam como nasceu esta colaboração e amizade musical, com génese no disco de 2017 de Moullinex, “Hypersex”; e como o projeto, com disco a lançar possivelmente ainda este ano, surgiu com uma ideia conceptual do que poderia ser um espetáculo.
Os concertos são a 360º, uma experiência “imersiva”, onde os dois DJ se apresentam no meio da pista de dança, com um jogo de luzes, sem fronteiras entre palco e público. Tal como nos explicam, a noção surgiu há anos, num clube em Londres, o Jazz Café. “Usámos uma estrutura que se tornou numa experiência marcante, ao ter público em três das arestas do palco. E logo a seguir esse concerto ficámos com a ideia de fazer, experimentar mesmo no meio do público”, adiantam.
Há largo tempo que os dois compositores partilhavam músicas, sets, singles – entre atuações em espaços e eventos em todo o mundo e lançamentos na Crosstown Rebels, Watergate, TAU, ou Discotexas; mas foi dessa ideia, dessa vontade de comunhão com as pessoas, que veio a génese do próprio projeto. “A coisa foi evoluindo e chegámos à conclusão, passado quase dois anos, que faria sentido dar um nome próprio a este todo” dizem, garantindo que ele ultrapassa “a soma de duas partes”.
Nasceram os MXGPU, com um forte elemento visual e até conceptual mas uma clara linha musical virada para a eletrónica, clubbing, dança.
“Essa é a nossa matriz e também é o que nos liga, apesar dos nossos gostos se intercetarem muito mais do que na música em que fazemos,” explicam os dois DJ, referindo que descobriram, agora, terem inúmeros gostos e referências em comum que não são necessariamente óbvios. À pergunta de quais, salta um nome marcante: o violoncelista, cantor e produtor Arthur Russel.
Vídeo nomeado
Do lado visual, a aposta é notória no primeiro vídeo do tema de apresentação do duo, “Towards the sun”: realizado por Ruben do Valle e já nomeado para vários prémios. Mas, destacam Luís e Guilherme, é “sobretudo nos concertos e na forma como nos apresentamos, que também tem essa necessidade cenográfica que se transformou numa mais-valia”. A necessidade, a de fazer as pessoas entenderem e sentirem “que não estamos lá atrás, mas no meio, com elas” adiantam.
Os produtores explicam porque querem estar perto do público, “As estruturas dos palcos, dos grandes festivais ou eventos, estão cada vez maiores, há sempre uma maior distância: ou por razões de segurança, ou logísticas. Às vezes mal se vê o DJ. E às vezes nem se vê, nem sabe quem é bem a pessoa e há uma ideia, um imaginário de quem é”, explica o duo. “E nós estamos mais ligados à parte de as pessoas poderem estar connosco, verem-nos e saberem o que estamos a fazer”.
O projeto, que já tem datas marcadas em Los Angeles e Nova Iorque, cumpre vários desejos dos produtores, confessam: além de explorar novos caminhos sonoros, “mostrar que estamos a tocar ao vivo versus uma experiência de DJ set; aproximar-nos literalmente do público, porque quanto maior o palco, maior a distância; e a humanidade, retornar um bocadinho a humanidade do que estamos a fazer, devolvê-la à pista de dança”.