Cantora Nena edita segundo disco, “Um brinde ao agora”, e entra em digressão. Ao JN, fala do novo trabalho e da experiência no “The voice kids”, onde é este ano mentora.
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A ascensão de Nena a um estatuto de nova estrela pop portuguesa tem uma aparência meteórica, mas é também o resultado de muito trabalho: a cantora começou a compor com 12 anos, desviou-se da rota da música para tirar um curso e um mestrado, mas quando voltou, fê-lo em força. Autora dos seus próprios temas, escreveu “Portas do sol” em 2020 e quando o disco chegou às rádios, dois anos depois, o sonho ficou mais perto.
O céu é agora o limite para a compositora de 28 anos, que já atuou em algumas das maiores salas do país e é também atualmente mentora do programa de talentos “The voice kids”, na RTP. Na sexta-feira, Nena editou o segundo e muito aguardado álbum, “Um brinde ao agora”, que já pode ser ouvido em todas as plataformas. Parte agora numa tournée pelo país, a culminar num concerto especial a 4 de outubro, no Campo Pequeno, em Lisboa. Antes, leva o seu espetáculo, a meias com Joana Almeirante, ao festival Meo Marés Vivas, a 19 de julho, em Gaia. Ao JN, Nena confessa como se sente abençoada, mas reencaminha um conselho aos mais novos: “Muito trabalho”.
O segundo disco é muitas vezes uma pressão. Como o abordou?
Com descontração, porque também tive muito tempo, ou seja, lancei o primeiro disco em 2022, estou a editar este agora, e tirei o meu tempo para perceber qual era a direção que queria seguir. E sinto-me bastante orgulhosa e tranquila. Honestamente, sinto que é um disco muito diferente do primeiro. Não podia estar mais feliz porque estou a apresentar coisas novas às pessoas que me já ouvem e às que me vão conhecer. E por isso estou muito tranquila.
Fale-nos dos convidados.
Tenho uma canção com uma grande amiga que é a Carolina de Deus, chamada “Lembras-te de mim?”. Fala sobre amizade e fez todo o sentido convidar a Carolina, porque ela foi das minhas primeiras grandes amigas na música. E tenho outra, “À espera do fim”, com o Luís Trigacheiro, que também admiro muito – adoro a voz dele, ele é um verdadeiro alentejano, e a minha família é praticamente toda alentejana e assim tenho um pouco de casa no meu disco e ele traz essa parte que para mim também é muito especial. E, na produção, o João Só, o João André e o Feodor Bivol, que trazem lados importantes, como mais rock ou outra visão.
Atualmente, é mentora no “The voice kids”. Como está a ser essa experiência?
Confesso que não estava mesmo nada à espera deste convite por parte da RTP. Acompanho o “The voice” há muitos anos, e ter recebido o convite foi mesmo inacreditável. E está a ser ainda melhor do que estava à espera, sabes? Toda a equipa me acolheu bem, da Catarina [Furtado] aos mentores; e depois, poder cruzar-me com estes miúdos e fazer parte do caminho deles desde tão cedo, acho que é mesmo uma bênção. Estou só feliz por poder dar um pequeno contributo do que sei e também estou a aprender com eles.
Começou a compor com 12 anos. Porque tinha essa necessidade ou porque tinha o sonho de seguir música?
Acho que sempre foi por necessidade. É a minha forma de tentar perceber as coisas que vão acontecendo à minha volta, com os meus amigos, com a minha família, com a vida. Escrever canções é como se fosse um diário e tenho a sorte de poder depois partilhar também com as pessoas. Nessa altura, claro, não sabia que iria partilhar, escrevia só para mim e hoje ainda escrevo muito para mim, mas também a pensar que é muito bom entregar algo.
Aos miúdos do concurso, e aos outros, que querem seguir música, qual o melhor conselho que pode dar a quem está a começar?
Eu também estou ainda a aprender, não é? E acho que uma pessoa vai fazendo aos poucos o caminho e vai percebendo para onde é que quer ir e o que é que faz sentido. Mas diria que é uma mistura, obviamente, de talento, mas muito, muito trabalho. O trabalho está na base de tudo e é preciso mesmo arregaçarmos as mangas e percebermos que as coisas demoram. Não é tudo instantâneo e é normal. E ainda bem que é assim, porque é assim que nós também vamos chegar mais longe e nos vamos motivar a chegar lá um dia.