Edição 29 do festival internacional de curtas-metragens arranca esta sexta-feira. Traz insetos e David Lynch.
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A partir desta sexta-feira e até dia 25, há 236 filmes para ver nas Curtas de Vila do Conde. O evento volta a propor "um olhar transversal sobre o cinema mundial, num programa onde os filmes dilatam os tempos, expandem as temporalidades e declinam cronologias", explica Mário Micaelo, da organização.
As sessões decorrem no Teatro Municipal de Vila do Conde. "Temos uma sala magnífica que permite ter 250 espectadores" disse o responsável ao JN. O processo de seleção nacional resultou num bom equilíbrio entre entradas novas e valores seguros. Na competição internacional não há menos filmes, nem menos qualidade. "Há um olhar mais profundo e mais humano", assegura.
Passado e presente
Na secção Da Curta à Longa "O novo filme de Helvécio Marins Jr. e Sérgio Borges, que já realizou dois filmes connosco, e que apresentam agora "Lutar, lutar, lutar"", é um dos destaques de Mário Micaelo. Assim como o filme de Quentin Dupieux, "Mandibules", que abre hoje o certame, e que terá estreia comercial em setembro.
Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes farão também a estreia nacional de "Diário de Otsoga", rodado em agosto passado numa propriedade em Sintra, em contexto de pandemia, e que foi revelado há dias na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, completa a lista de destaques de responsável.
Na secção New Voices, o foco recai sobre uma seleção de obras da dupla iraniana Ali Asgarua e Faoosh Samadi, da grega Jacqueline Lentzou e do portguês Jorge Jácome. Nomes que pertencem a "uma nova geração de cineastas que, a par da relevância estética, levantam novas leituras para problemáticas políticas dos nossos dias", prossegue Mário Micaelo.
Hoje, pelas 22 horas, integrado na rubrica Cinema Revisitado, haverá uma sessão evocativa dos 20 anos da estreia "Mulholland drive", de David Lynch, pedação de história da Sétima Arte que gira em torno de Rita (Laura Harring), uma aspirante a atriz que perde a memória depois de um acidente de automóvel. Micaelo refere que "a geração dos diretores do Curtas lembra-se de ir para casa assistir a "Twin Peaks", e David Lynch tornou-se um realizador de culto".
Em Cinema Revisitado há também espaço para recordar "O crepúsculo dos deuses" (1959), de Billy Wilder, "Serenata à chuva" (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen, e "Cativos do mal" (também de 1952), de Vincente Minnelli. Em foco estará igualmente a realizadora escocesa Lynne Ramsay, com a passagem de obras como "We need to talk about Kevin" e "Ratcatcher".
Destaques
Galeria Solar
Este espaço expositivo recebe a mostra "Be your selfie" com 13 vídeos, uma instalação do cineasta Diogo Costa Amarante.
Música
No dia 23 é apresentados "Drawing circles", o disco de estreia do sexteto Chão Maior. Quem tiver curiosidade pode encontrar pistas em "Passo 2", videoclip realizado por Igor Dimitri que estará em competição no Curtas.
Stereo
"Shoes" é uma obra de 1916 da realizadora Lois Weber, raramente exibida em Portugal e que aqui surge num encontro com a música ao vivo de uma outra mulher, a harpista espanhola Angélica Salvi.
Vídeos Musicais
No elenco deste departamento competitivo podem encontrar-se trabalhos como "Lote B", de António Zambujo, realizado por Pedro Serrazina, "Theme vision", de Bruno Pernadas, ou "Magic", de Ghetthoven, numa realização de Vasco Mendes.
Curtinhas
Aqui é apresentada, aos fins de semana, uma seleção de filmes atuais, que percorrem os universos e interesses de diferentes grupos etários: maiores de três anos, de seis e de dez, com sessões às 11 horas e às 16.30 horas.
Chaplin
O Curtinhas fecha com a apresentação de "O garoto" (1921), de Charles Chaplin, que cumpre este ano o centenário. Uma obra-prima para todas as gerações.