Esta quarta-feira à noite há maratona de concertos gratuitos na Casa da Música, no Porto, com JP Simões, Ece Canli, Desengaiola, Conferência Inferno ou Ákila, entre outros. Começa às 21.30 horas e vai até às 4 da manhã.
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A celebrar 20 anos de existência, a Casa da Música prepara-se para o regresso de um dos seus momentos mais icónicos, o Clubbing. Depois de oito anos consecutivos que marcaram uma geração, e um silêncio prolongado de 12 anos, o minifestival de música eletrónica e indie regressa já esta quarta-feira para uma sessão especial.
Um novo fôlego e o selo de inovação do novo diretor artístico, François Bou, fica em aberto para o futuro: “Talvez o Clubbing deva misturar músicos pop ou hip-hop com os agrupamentos residentes”, revelou ao JN. E é isso que promete já hoje: cruzamentos improváveis, estética urbana e festa, com entrada livre e uma programação que ocupa vários espaços da emblemática Casa.
Com sete horas de atuações, o Clubbing arranca às 21.30 horas, com Carla Prata no palco do Café, e dura até às 4 horas. A artista luso-angolana, cujo som cruza R&B, trap e influências africanas, dá o tom para a noite em que o corpo volta ao centro da escuta. Pouco depois, JP Simões apresenta um concerto-esboço de carreira, com paragens cuidadosamente escolhidas. Trinta anos depois da estreia com os Pop Dell’Arte, e depois com Belle Chase Hotel, o músico faz da sua voz e do seu cancioneiro um mapa afetivo da música portuguesa alternativa. Nos Bares 1 e 2, Selecta Alice transforma a noite numa viagem sonora que cruza continentes: a cumbia colombiana encontra música sufi, batidas do Magrebe e toques tropicais, numa rave do Mundo.
Escuta para o futuro
A Cibermúsica, espaço de escuta futurista, acolhe Ece Canli, artista turco-portuguesa que constrói performances imersivas em que a voz é corpo e pensamento, com técnicas estendidas e baixo pulsante. Da Digitópia chega uma proposta de criação coletiva e digital, fundindo tecnologia e performance em tempo real. Um espaço de experimentação que responde à missão do Clubbing: estar sempre um passo à frente.
Cíntia sucede a Carla Prata no Café com um sete mais denso e dançável – fusão de beats urbanos e lirismo ácido. Logo depois, os Conferência Inferno eletrizam a noite com um concerto à flor da pele – punk, pop, noise e psicadelismo num caos coreografado.
O samba chega com o super grupo Desengaiola, que junta quatro referências cariocas do pagode: Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti, Moyseis Marques e Pedro Miranda, num momento raro de celebração tropical e sofisticada. Na Cibermúsica, os Solar Corona Elektrishe Maschine servem o seu rock mutante, fundindo guitarras e sintetizadores, entre a repetição e o colapso. Perto do fim, o DJ e performer Allian, vindo das raves queer do Porto, faz da pista o seu manifesto hyperpop.
Na Sala 2, é Àkila (também conhecida como Puta da Silva) quem dá o arranque. Punk, funk, ritmos afro e uma versão incandescente de “Os Vampiros”, de Zeca Afonso, são o seu cartão de visita. Segue-se Gusta-vo, mestre da eletrónica nacional, com um set que explora a vanguarda do techno e house. Daniel Wang, vindo de Berlim, encerra a madugada com uma seleção cirúrgica entre disco, soul e house.