Nas três horas que antecederam o início do Festival Eurovisão da Canção de 2018, o verdadeiro espetáculo foi à entrada da Altice Arena, em Lisboa, que recebe pela primeira vez o certame. O JN acompanhou a emoção que lá se viveu e comprovou a euforia, as cores e a camaradagem entre os fãs das 43 nações a concurso.
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Pedro tem 20 anos e veio sozinho de Barcelos. Adi é israelita e vive a sua primeira experiência em Portugal ao lado do marido. Estiveram a poucos metros um do outro e os sorrisos entusiásticos não conseguiram esconder a concretização de um sonho: estavam a poucos minutos de se estrear na plateia do maior espetáculo de música europeu.
"É a minha primeira vez na Eurovisão, mas já era um grande fã do espetáculo. Vejo desde pequenino, herdei esse gosto dos meus pais. Eles contam-me histórias de quando não tinham televisão e iam para a casa dos vizinhos ver o concurso. Era uma alegria e o país parava", recorda ao JN o jovem estudante de Psicologia.
Adi vive uma história bem diferente. O marido queria surpreendê-la com uma ida à Eurovisão quando ela fizesse 40 anos, mas o presente chegou um ano antecipado. A culpa é de Netta, a representante do seu país no certame de música. "A canção dela é tão fantástica, que ele decidiu trazer-me este ano em vez de esperar até 2019", revela a israelita.
Até esta segunda-feira, era "Toy" o tema com mais perspetivas de vencer a Eurovisão. Mas tudo mudou esta terça-feira, já depois do ensaio geral da primeira eliminatória, quando o Chipre roubou o lugar cimeiro a Israel.
Ainda assim, Adi não perde a esperança. "Não me diga isso! A nossa canção é maravilhosa e passa uma mensagem muito importante. Não tem apenas que ver com o espetáculo. Basta pensar na mensagem que o Salvador [Sobral] passou na Eurovisão do ano passado, de que este evento não é apenas fogo-de-artifício. Penso que a música da Netta se relaciona com isso, tal como a de França e Itália."
"Mesmo que a Netta não ganhe, ela é a verdadeira vencedora por causa do percurso que a música fez desde que foi apresentada e da mensagem que passou", reitera, acreditando que "ouro sobre azul seria Israel vencer" e Adi "celebrar os [seus] 40 anos numa Eurovisão organizada em Jerusalém."
E se a israelita acredita na vitória da sua compatriota, o mesmo não se pode dizer de Pedro, que afirma que Cláudia Pascoal e Isaura "não têm hipóteses de ganhar", embora "gostasse muito". "Tenho dois temas favoritos: o da Bulgária e o de França."
O português e a israelita em questão foram apenas dois dos 12 mil espectadores que a Altice Arena recebe em cada fase da Eurovisão e que espelharam o seu orgulho nos seus países. Bandeiras, por exemplo, não faltaram, assim como chapéus, casacos, perucas e brinquedos. Sempre alusivos à Eurovisão. Que comece o espetáculo.