Cristina Planas Leitão e Drew Klein, codiretores do Teatro Municipal do porto e programadores do DDD explicam ao JN porque é que um festival se faz de muitas vertentes e não só exclusivamente de espetáculos.
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A provocação é quase inevitável: o primeiro programa que Drew Klein, novo codiretor do Teatro Municipal do Porto - juntamente com Cristina Planas Leitão - apresenta tem uma temática de SPA. "Penso que o festival DDD é um tipo de besta diferente, que exige muito da equipa e das audiências , por isso é necessário encontrar um equilíbrio e um autocuidado para começar com o pé direito", conta, entre risos, ao JN.
Além dos grandes destaques do programa e das novidades, parte do historial do festival passa também pelo acompanhamento de artistas e das suas carreiras. Prova disso são os quatro performers que em 2022 estiveram como "Guests" a mostrar as suas ideias, ainda em potência, este ano plasmadas na programação.
"São quatro pessoas que no último ano acabaram por ter manifestações artísticas muito importantes e tornou-se óbvio que queríamos apresentar as suas peças", contou Cristina Planas Leitão.
As quatro propostas são de Gaya de Medeiros (quinta-feira, Campo Alegre) com "Pai para jantar"; Ana Isabel Castro com "Pechisbeque" (dia 23, Teatro Constantino Nery); Iara Izidoro, com "O agora não confabula com a espera", (dia 24, no Teatro Campo Alegre) e o cabo-verdiano Djam Neguim com "NÁ-NÁ!", (dia 28, Campo Alegre).
Um festival não se faz apenas de artistas e de espetáculos; é importante medir o pulso à audiência e às suas necessidades. Planas Leitão conta que "50% do público é o mesmo da temporada [do Teatro Municipal do Porto], mas depois de 2021 houve uma renovação de públicos com pessoas que preferem momentos ao ar livre, o que é ainda fruto do pós-pandemia".
E continua: "Mas o DDD tem também um público muito específico de gente que vem de fora, de outras cidades, e estrangeiros que vêm fazer os workshops e que permanecem durante o festival. Há muitos alunos de escolas de dança que veem um compacto de tudo o que podem incorporar e aprender. E há também quem queira viver dentro de um ambiente de festival, de estar com pessoas e ir beber um copo a seguir", diz a programadora.
Na vertente pedagógica, o DDD terá 19 formações - a grande maioria dedicada a profissionais ou estudantes de nível avançado. Mas há também ioga e linguagem gestual portuguesa para público em geral.
Outro prisma do certame é que sirva de montra para o trabalho dos artistas, especialmente aqueles que ainda têm carreiras incipientes.
"O DDD terá este ano, 30 programadores internacionais que se inscreveram no site, mas vêm sempre mais. Nós direcionamos estes programadores para o que os poderia interessar e montamos uma série de "pitchings" e ensaios abertos", conclui Cristina Planas Leitão.