"O Fogo Sagrado" vale a Derradé o Prémio Jorge Magalhães para Melhor Argumento de BD
Derradé, pseudónimo de Dário Duarte, foi distinguido com o Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada, na sua segunda edição, referente ao ano de 2021, pela sua obra "O Fogo Sagrado" (edição Escorpião Azul). Sucede assim a Filipe Melo, que no ano transato tinha sido premiado pelo argumento de "Balada Para Sophie" (Companhia das Letras).
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Em declarações ao Jornal de Notícias, Dário Duarte apresentou a sua obra, de cariz autobiográfico como "uma reflexão sobre a paixão que tenho pela Nona Arte, a necessidade que tenho de me expressar através dela e de como isso é completamente indiferente ao resto do mundo, que continua alegremente a desprezar uma linguagem riquíssima e de potencial quase infinito".
Centrando-se na dificuldade de viver ou sequer fazer banda desenhada em Portugal, o autor considera que a sua abordagem "até foi muito leve". E especifica: " Para fazer BD é preciso algo que muita gente não está disposta a dar: Tempo. E o tempo, além de ser dinheiro, é escasso e precioso. Ao ficarmos mais velhos, por vezes ficamos com a sensação amarga de que poderíamos ter estado mais tempo com os nossos entes queridos, mas ficámos fechados a fazer BD". E continua: "para além disso, a BD em Portugal não dá rendimento por forma a ser profissão".
Mas nem tudo é mau: "Com sorte, temos livros publicados e algum reconhecimento", como este Prémio Jorge Magalhães, homenagem a "uma figura ímpar da nossa BD onde, a par de outras responsabilidades no meio, foi um argumentista invulgar". Afirma ter ficado "genuinamente surpreendido e eternamente agradecido por se terem lembrado do meu livro" e confessa que "suceder ao Filipe Melo como vencedor deste prémio é algo que nem sonhava". E acrescenta: "Este prémio vem validar a sensação, e o desejo, que sempre tive de que é na BD que se encontra a minha verdadeira vocação", mas conclui com alguma mágoa: "Mas todos temos de comer e pagar as contas, não é?"
O Prémio Jorge Magalhães foi criado para contribuir para a dignificação e valorização do argumento na Banda Desenhada e é uma homenagem da família a alguém que dedicou a sua vida à escrita e à BD, como editor, coordenador de revistas ("Mundo de Aventuras", "Mosquito - 5.ª série", "Selecções BD"...) ou argumentista.
O Júri do Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada, foi composto por Hugo Pinto (divulgador de BD), João Miguel Lameiras (editor, argumentista, produtor e programador do Festival Coimbra BD), Paulo Monteiro (autor, Presidente do Clube Português de Banda Desenhada e Diretor do Festival de BD de Beja), e Maria José Magalhães Pereira, em representação da família.