Espetáculo de Marco Mendonça chega esta quinta-feira à noite ao Theatro Circo de Braga. Na sexta é a vez de "Cantar de galo", da companhia Mala Voadora, integrar o programa "Frente e Verso".
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O pequeno auditório do Theatro Circo, em Braga, abre as portas esta quinta-feira à noite para o espetáculo “Blackface”, protagonizado por Marco Mendonça, que está a passar por várias salas do país. A partir da prática teatral em que atores brancos pintam o rosto para representar pessoas negras, num modo estereotipado e caricatural, o ator e encenador nascido em Moçambique pretende ajudar a discutir o racismo de forma aberta ao mesmo tempo que propõe um “objeto de entretenimento” para o público.
Este é, por isso, um espetáculo que se situa entre o stand-up e a fantasia, a sátira e o teatro físico, o burlesco e o documental, dimensão explorada através da passagem de centenas de fotografias durante o monólogo feito pelo protagonista.
“O facto de eu gostar muito do formato de stand-up levou-me a optar por esse caminho para poder abordar este tema, que por mais pesado e horrível que seja, pode ser desconstruído assim”, explica ao JN Marco Mendonça.
Daí a dupla intenção do espetáculo que idealizou: entreter “de forma bem humorada” e convidar à reflexão sobre “a forma como cada um olha para as pessoas racializadas ou imigrantes”.
“A maioria das vezes, diria, esse racismo manifesta-se quase sem nos apercebemos, há uma espécie de ignorância coletiva, mas a prática do blackface é uma prova de como ele existe e não é uma coisa pontual”, frisa o ator.
"Blackface" tem direção artística, criação e interpretação de Marco Mendonça. O espetáculo tem a duração de 90 minutos e está marcado para as 21.30 horas. Os bilhetes custam 14 euros.
Espetáculo com "Frente e Verso"
"Blackface" é a primeira parte do programa "Frente e Verso", do Theatro Circo, que "convida ao olhar prismático, à perspetiva cruzada, partindo da premissa de que coexistimos num mesmo tempo e, por isso, nos inquietam temas semelhantes, que abordamos a partir de narrativas e vocabulários que resultam deste mesmo contexto histórico", diz um comunicado do teatro bracarense.
A segunda parte de "Frente e Verso" terá lugar na sexta-feira, também às 21.30 horas, mas no auditório maior do Theatro Circo, com "Cantar de galo", da companhia Mala Voadora, com direção e interpretação de Jorge Andrade, sobre um texto de Robert Schenkkan.
Trata-se de outro monólogo em que se investiga também a estratégia de representação de uma identidade coletiva e nacional que infiltrou o nosso imaginário durante muito tempo: um ícone cultural como o Galo de Barcelos.
O bilhete custa 15 euros.