Emblemática sala bracarense faz 108 anos esta sexta-feira. O diretor artístico Paulo Brandão quer reforçar a aposta numa programação "fora da caixa".
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O edifício da programação do Theatro Circo assenta numa incessante procura por "coisas novas", que é alicerçada na "necessidade" de reflexão e de atrair público àquela que é a mais emblemática sala de espetáculos de Braga. A ideia traduz-se numa máxima de que o diretor artístico, Paulo Brandão, usa e abusa para descrever a sua orientação : "É um "espaço de referência". O Theatro faz hoje 108 anos.
"Queremos um Theatro Circo sempre emergente. Esse é o slogan que definimos e que resume a aposta numa programação fora da caixa, muitas vezes com coisas desconhecidas, que permita marcar a diferença pela positiva", explica ao JN Paulo Brandão. Para o diretor um dos "principais desafios" é apresentar produtos "com qualidade" e que "façam o público pensar". "Essa foi desde sempre uma preocupação deste espaço", realça o responsável.
Reaberto desde 2006, o Theatro Circo assume, segundo Brandão, um "papel absolutamente central" na vida daquela que será a Capital Portuguesa da Cultura em 2025.
"Foi o Theatro Circo que impulsionou e agarrou a cultura em Braga, permitindo, direta ou indiretamente, o crescimento de outros projetos culturais - como é caso do gnration - e da própria cidade, onde há hoje públicos muito diferentes e vindos de vários países, como é o caso do Brasil", garante Brandão.
Estreia dos Sangue Suor, a banda de três bateristas
Para a comemoração dos 108 anos, o Theatro Circo aposta esta sexta-feira no concerto de estreia de um projeto que começou a ser construído por sua própria iniciativa, há dois anos, na tal busca por novos sons, desassossego e reflexão.
A partir das 21.30 horas, o palco principal receberá a primeira atuação dos Sangue Suor, uma banda recém-formada que tem a particularidade de ser composta por três bateristas (Rui Rodrigues, Susie Filipe e Ricardo Martins), a que se juntou mais recentemente Vítor Hugo, que assume os instrumentos de cordas.
Depois do espetáculo, há uma cerimónia especial dedicada ao lançamento do primeiro disco dos Sangue Suor, "O Salto", composto por seis temas, numa edição conjunta do Theatro Circo e da Omnichord Records.
Paraíso abre sábado com Dino D"Santiago
Um dia depois do 108.º aniversário, o Theatro Circo recebe sábado à noite, às 21.30 horas, um concerto de Dino D"Santiago, que abre o ciclo Paraíso, centrado na promoção de espetáculos de nova música urbana afrodescendente e lusófona.
"Este é mais um momento que se encaixa na lógica de querermos fugir dos esquemas habituais, de ser irreverentes e ter diferença nas propostas que apresentamos para que o Theatro Circo seja um equipamento cada vez mais eclético", sublinha o diretor artístico, Paulo Brandão.
Antes, às 18 horas, terão lugar as "Conversas do Paraíso", no salão nobre do Theatro, com o tema "O Bairro Venceu - Como ultrapassar os estereótipos e trilhar um caminho em direção ao sucesso". Moderado pela jornalista Marisa Mendes Rodrigues, o painel contará com Telma Tvon, rapper, assistente social e autora do livro "Um preto muito português", e com o jornalista de cultura Ricardo Farinha.
O ciclo "Paraíso" terá continuidade nos próximos meses, mas a programação ainda não foi revelada.