Vários objetos pertencentes a José Saramago vão ser entregues ao Museu do Nobel, em Estocolmo, na próxima quarta-feira, numa cerimónia em que vão marcar presença a presidente da Fundação José Saramago e a diretora do museu, Erika Lanner.
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Com a presença da embaixadora de Portugal na Suécia, Sara Martins, e também dos representantes dos institutos Camões e Cervantes, a cerimónia vai consistir na entrega de um conjunto de pertences ligados à obra e à vida do romancista português.
Entre esses objetos está um exemplar do álbum ilustrado “Saramago, os seus nomes”, da autoria de Alejandro Schnetzer e Ricardo Viel, que conta a trajetória do autor e os espaços, lugares, pessoas e criações que compuseram a sua vida. Será entregue ainda um exemplar do livro “Da Estátua à Pedra”, um ensaio onde José Saramago se debruça sobre a sua própria obra e identifica uma mudança na sua escrita.
“Notei (...) que não podia acrescentar mais adornos à estátua (...) chegara o momento de descer ao fundo do edifício e de o escavar até encontrar a água e o sangue, até fazer sangrar a minha própria matéria, a minha própria carne. Da fase da Estátua passei à da Pedra”, conta o escritor.
Além dos óculos usados nos últimos anos de vida, O Museu do Prémio Nobel passará a contar ainda com um retrato de José Saramago feito pelo fotógrafo Fernando Peres Rodrigues em 1997. Na imagem, o escritor segura uma pedra, que posteriormente levaria à sua casa para compor a coleção de pedras que tinha. “Não invento nada, o que faço é mostrar: como quem vai por um caminho e encontra uma pedra, levanta-a para ver o que é que está debaixo”.
Além da doação ao Museu do Nobel, a agenda inclui a exibição do filme "José e Pilar", com a presença do realizador Miguel Gonçalves Mendes, no Instituto Cervantes de Estocolmo, e de um seminário sobre estudos ibéricos na Universidade de Estocolmo, com a participação do professor António Sáez Delgado.