Os Radiohead estão de volta: digressão limitada arranca esta terça-feira na Europa

Digressão não passa por Portugal
Foto: Arquivo
Vinte concertos em cinco cidades europeias marcam o regresso da banda de Thom Yorke à estrada, após longa pausa.
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Ainda não é a digressão completa pela qual muitos fãs esperavam, mas poderá ser um começo: depois de uma paragem que inúmeros melómanos temiam como definitiva, os Radiohead vão regressar aos palcos. Hoje, iniciam um lote 20 concertos, em cinco cidades europeias, que não inclui Portugal.
O local mais próximo do nosso país onde o grupo de Oxford vai atuar é em Madrid, Espanha, precisamente onde arrancam os espetáculos: na Movistar Arena, dias 4 e 5, 7 e 8 de novembro.
O grupo tem depois concertos na Unipol Arena, em Bolonha (Itália), dias 14, 15, 17 e 18 de novembro; a 21, 22, 24 e 25, na O2 Arena, de Londres (Reino Unido); a 1, 2, 4 e 5 de dezembro na Royal Arena, Copenhaga (Dinamarca); e a 8, 9, 11 e 12 de dezembro, na Uber Arena, Berlim (Alemanha).
Desde 2018 afastados
Desde meados de 2018 que os Radiohead não atuavam juntos - a última passagem por Portugal foi em 2016, no festival NOS Alive, com o vocalista Thom Yorke a voltar, dois anos depois, ao mesmo evento mas a solo.
A banda tem também estado fora dos discos desde o nono álbum, "A moon shaped pool", de 2016, mantendo-se vários dos seus elementos dedicados a carreiras a solo ou projetos paralelos, com destaque para o que uniu Yorke ao guitarrista Jonny Greenwood e ao baterista Tom Skinner nos The Smile: juntos, já editaram três discos.
O nosso país tem sido normalmente contemplado pelas digressões dos Radiohead, que em 2002 fizeram mesmo um pequeno périplo exclusivamente ibérico, a incluir várias datas nos coliseus de Lisboa e do Porto para apresentar "Hail to the thief". Nesta nova tournée limitada, Portugal ficou, no entanto, de fora.
Bilhetes e polémicas
Adivinhando a forte adesão que os espetáculos iriam suscitar entre fãs de todo o Mundo, e procurando "reduzir a concorrência de bots e revendedores de entradas", o grupo tentou criar um sistema de acesso aos bilhetes "mais justo" para as datas, incentivando os fãs a um pré-registo, em setembro, a que se seguia o envio (ou não) de um código que dava acesso a uma fila de espera. Tal não terá impedido, de acordo com relatos de vários fãs, que na corrida aos bilhetes tenham ocorrido as habituais situações de bloqueio de páginas e de entradas a ficar indisponíveis no ato de pagamento.
As confusões na corrida aos bilhetes - com preços a partir de cerca de 100€ - eram expectáveis apesar dos esforços da banda, mas mais inesperadas têm sido as tentativas, por parte de grupos de ativistas pró-Palestina, de apelar a boicotes à digressão.
Tal terá a ver com o silêncio de Thom Yorke durante vários meses sobre a crise humanitária em Gaza, com o facto de o grupo ter atuado em Israel em 2017, e com ligações familiares e profissionais de Jonny Greenwood ao país: o guitarrista é casado com a artista israelita Sharona Katan e colaborou com o músico Dudu Tassa em 2023, no álbum "Jarak Qariba".
Não há alinhamentos iguais
Sobre a questão de Israel, numa entrevista recente ao "The Times UK", a primeira conversa da banda com jornalistas em vários anos e a única antes da digressão, Yorke garantiu que "absolutamente" não voltaria a tocar naquele país, enquanto os restantes elementos abordaram sobretudo a longa pausa do grupo e o que a motivou. O guitarrista Ed O"Brien foi um dos mais explícitos, tendo admitido que, nas últimas digressões, os membros da banda se sentiam "desconectados, completamente exaustos", e ele próprio ter estado à beira de uma depressão.
Também o vocalista explicou que precisava de parar, mas o grupo parece agora estar a reconectar-se "com uma identidade musical que se arraigou profundamente dentro de nós", disse o baterista Phil Selway, no comunicado de anúncio dos concertos.
Com a digressão a arrancar, as músicas dos alinhamentos começam a ser um tópico de debate aceso na internet, com o coletivo que trouxe ao Mundo álbuns como "Ok Computer" e "Kid A" a assumir que, perante tantas opções de uma carreira com mais de 30 anos, o difícil será escolher. É porém certo, e já garantido pela banda, que a cada uma das 20 noites a lista de canções mudará.
Em relação ao futuro, e a novos discos ou digressões, na entrevista ao "The Times", Jonny Greenwood admitiu que os cinco músicos "ainda não pensaram em nada além da tournée". No entanto, em setembro, na página oficial que anunciava estes espetáculos, dizia-se que estes "são os únicos concertos dos Radiohead por enquanto", mas logo se acrescentava: "a banda espera fazer mais espetáculos noutros lugares no futuro".
