Banda de Thom Yorke e Jonny Greenwood lança novo disco “Cutouts”. Não é Radiohead mas não anda lá longe.
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Música de outra dimensão: era assim com os Radiohead, volta a ser assim com The Smile. Enquanto se prolonga o hiato da banda rock de Oxford que trouxe ao mundo discos como “Ok Computer” ou “Kid A” – e que não edita desde 2016 –, os fãs de Radiohead, e não só, vão-se consolando com os lançamentos do projeto paralelo, que é, antagonicamente, prolífero: “Cutouts”, editado no dia 3 de outubro , é o segundo álbum num ano, e sucede a “Wall of eyes”, editado em janeiro.
Ao terceiro trabalho – o primeiro foi “A light for attracting attention”, em 2022 –, o grupo que une Thom Yorke e Jonny Greenwood, vocalista e guitarrista dos Radiohead, a Tom Skinner, dos Sons of Kemet, traz à luz dez temas gravados com o mesmo produtor de “Wall of eyes”, Sam Petts-Davies, nos mesmos locais, durante o mesmo período.
Embora tal não tenha sido declarado, a circunstância e o título “Cutouts”, tornam aparente que as faixas serão as que por algum motivo não entraram no corte final do disco anterior, de janeiro.
O “motivo” pode ser estético: este disco soa menos heterogéneo e vanguardista, até mais próximo dos Radiohead do que nunca, sendo que os próprios Radiohead sempre experimentaram e arriscaram tanto, que a inevitável comparação abre ainda assim um vasto espaço sonoro.
Certo é que o ambiente característico de tudo onde Yorke e Greenwood tocam está presente (os dois são aliás férteis em bandas sonoras), como estão as letras crípticas e por vezes escabreadas, a centelha associada ao quase desvario, de que o tema “Zero sum” é evidência (o refrão inclui a repetição da frase “Windows 95, Windows 95”, entre um ritmo frenético).
Como está também presente o forte lado jazzístico, os excelsos detalhes orquestrais e de produção, o lado cinematográfico, etéreo, artístico, e as canções com tempo, onde a voz de Thom Yorke nos guia, como sempre, até às outras dimensões.