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Beber vinho, hoje, não é coisa tão simples como parece. Quem quer beber vinho genuíno, e todos queremos, deve conhecer a sua origem e ter confiança em quem o faz. As pessoas, os produtores, são decisivas porque as escolhas que fazem, segundo as suas convicções, definem o vinho que apresentam no mercado.
Não é uma questão de vinho feito à antiga ou moderno mas, tão só, de saber onde estão as videiras e o que é feito com os cachos que elas dão . Os vitivinicultores-engarrafadores, ao venderem vinho que produzem, exclusivamente, com as uvas das suas vinhas, dão um contributo muito significativo para o reconhecimento do tal vinho genuíno que todos procuramos.
Hoje provamos dois vinhos, guiados pela confiança nos seus produtores.
Um tinto bom e barato
Nas feiras, a quem me pede "só quero o seu melhor", costumo responder: prove primeiro o mais barato, se ele não for bom ou não gostar, não vale a pena beber mais nenhum! É o caso deste vinho do Álvaro de Castro que, sendo a base da sua magnífica gama, nos dá uma satisfação e um consolo (até económico) que o tornam ótima companhia diária. Muito nos rimos, eu e o Álvaro aqui há uns anos no Porto, com um "anónimo" que exultava por conhecer pessoalmente o produtor que tanta alegria lhe dava no dia a dia "...o senhor é mesmo o Senhor Álvaro de Castro?? um vinho tão bom e a este preço!! " . Dizia ele e repito eu, acerca do Quinta de Saes da vindima de 2012, com 13% de álcool e o preço de €6,90, bebido com bons amigos para empurrar um cozido.
Um branco sem complicar
Há, seguramente, outras castas brancas em Portugal mais imediatamente entusiasmantes e apelativas, mais faladas e mais faladoras na prova que dá o seu vinho. Todavia, como a Bical não conheço: tão tímida, misteriosa, indefinível e, simultaneamente, tão capaz de nos encher de satisfação! O João Soares e o Nuno do Ó (Vinho Puro,Lda) fazem este branco da maneira que eu gosto e sempre se fez em minha casa: sem complicar, só com uvas e velhas vasilhas de madeira. Este Bical, Aliás um branco de outrora, colheita de 2014, com 11% de álcool, custou €19,90 e foi bebido por mim e pela Maria da Glória a acompanhar um galo assado.
Quinta de Saes
2012
6,90€
Aliás, um branco de outrora
2014
19,90€
Todos os domingos, na edição impressa do JN, damos-lhe sugestões de vinho.