O Teatro Municipal do Porto (TMP) inaugura esta sexta-feira a temporada com "Via Injabulo (Alegria)", uma produção da companhia sul-africana Via Kathleong que nunca se apresentou em Portugal. Energia em estado puro capaz de empurrar fronteiras.
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"Era importante para a nova temporada arrancarmos com companhias de outras latitudes, que trabalham diariamente ali, uma realidade que não é nada fácil, sobretudo quando se trata de fazer a sua internacionalização", disse. A estreia nacional do coletivo, já estava prevista para a pandemia, como referiu Cristina Planas Leitão, responsável do TMP, sendo um reagendamento.
A esta companhia foi adicionado o génio criativo do coreógrafo português Marco da Silva Ferreira, artista associado do TMP, em edições passadas. A escolha foi pensada porque "Marco (da Silva Ferreira) vem do hip hop e tem feito muitos trabalhos recentes relacionados com clubbing, ele procura danças genuínas e o pantsula é música, dança e também é moda. Era importante ter alguém que conseguisse fazer este cruzamento entre linguagens de dança contemporâneas europeias, com outras linguagens e alguém que trabalhe com ritmo", detalhou Planas Leitão.
Se a primeira parte " Form Informa" é do português, a segunda parte da coreografia "Emaphakathini" foi feita pelo coreógrafo Amala Dianor que aproveitando as histórias de cada intérprete da Via Katlehong procurou "entremeios" entre a dança tradicional e urbana, recorrendo à herança técnica das danças gumboot e pantsula, da África do Sul.
No final o resultado de "Via Injabulo (Alegria)" é uma ode à vida, danças que vivem da partilha de energia e de ritmo. Onde os intérpretes gritando, assobiando, batendo com os pés e as mãos, e pondo o público a participar na celebração, evocam a alegria e o desejo de viver. Sempre recorrendo à denominação de origem da companhia, situada num bairro pobre, onde nasce o movimento contracultural pantsula. Sábado o espetáculo conta com audiodescrição, um esforço de acessibilidade do TMP. Neste plano, a responsável explica que tem havido procura, mas nem sempre é imeditada "é necessário passar a palavra para que se saiba que estamos a fazer este trabalho".
Mas estes não são os únicos destaques da temporada que arranca na sexta-feira. Este ano, além da pesquisa por espetáculos de dança, ou de teatro, o público pode pesquisar, através do site do TMP palavras-chave da temporada. Se alguém quiser ver todos os espetáculos relacionados com a temática ambiente por exemplo, basta selecionar a palavra e surge uma lista de todos os eventos que a abordam. Numa época em que existem cada vez mais criações transdisciplinares, esta nova ferramenta adquire outra dimensão.
Destaques outonais com sabor a verão
Nos destaques de outono, Cristina Planas Leitão destacou a estreia de "Beetje bij beetje", de António Lago, com performers do Porto, um cabaret pós-moderno com apoio à criação de Susana Chiocca. Dias 23 e 24, no Teatro Campo Alegre.
O Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) que leva ao Rivoli o sul-coreano Jaha Koo com Cuckoo (13 e 14 de outubro, no Rivoli) e a estreia "Carcaça" de Marco da Silva Ferreira com produção própria (21 e 22 de outubro) são os grandes destaques do próximo mês.
Marcante será também o encerramento da autoestrada cultural da Temporada cruzada Portugal-França que terá o seu final entre 27 e 29 de outubro. A encerrar os destaques outonais, Cristina Planas Leitão assinalou a ópera contemporânea "Sun and Sea", de Rugilė Barzdžiukaitė, Vaiva Grainytė e Lina Lapelyte, dias 4 e 5 de novembro -espetáculo que será visto de cima das varandas técnicas do Rivoli e decorre em coapresentação com a Culturgest (11 e 12 de novembro).
Também este outono deverá ser conhecido o nome que irá juntar-se a Cristina Planas Leitão, na direção artística do TMP, depois da saída de Tiago Guedes. O novo elemento deverá iniciar trabalhos em janeiro.