Crescem os sites que juntam marcas para comprarem lugares vazios ou encomendarem projetos a artistas.
Corpo do artigo
O reinício condicionado dos espetáculos culturais foi uma boa notícia para a comunidade artística nacional, mas a sobrevivência das salas de espetáculos independentes, estruturas de produção e artistas ainda é uma incógnita, sobretudo quando há salas cuja lotação está tão limitada que inviabiliza o lucro em qualquer espetáculo.
A pensar nisso, começam a surgir em Portugal várias plataformas que pretendem ser o elo de ligação entre as marcas e os projetos artísticos. Preveem formas inovadoras de financiar a cultura que vão da simples compra de propostas artísticas à aquisição dos lugares que o distanciamento impede que sejam ocupados.
pagar os lugares vazios
Neste capítulo, a ideia de Raquel Pinhão e Teresa Pinheiro é em tudo original. A plataforma "#garanteolugar" propõe que as marcas comprem os lugares que as regras sanitárias impedem que sejam ocupados, de forma a assegurar que todos os bilhetes são vendidos. "O acordo é feito entre a sala e a marca e é como se a marca fosse o público daqueles lugares", explica Raquel Pinhão, formada em publicidade, marketing e relações públicas.
Para as salas a vantagem é óbvia, mas será que também é para as marcas? "Temos a certeza que sim. Uma marca que se consegue afirmar no mercado enquanto marca que participa, que garante o lugar, num momento como este, está a construir valor para ela mesma", justifica Raquel. Faz hoje uma semana que "#garanteolugar" foi lançado e já tem salas e marcas que aceitaram integrar o projeto.
Afinal, não é de hoje que as empresas investem na publicidade a concertos, por exemplo, e retiram disso grande retorno. Um exemplo da visão estratégica das marcas pode ser encontrado na plataforma "Portugal Em Cena", que serve de elo de ligação entre empresas e artistas. Ali podem ser encontrados anúncios que procuram talentos para projetos avaliados em 136 mil euros, de marcas como Vodafone, Fidelidade, Viúva Lamego, Renova, Jägermeister ou EDP.
O "Portugal em cena" também publica ideias originais, provenientes de artistas, que estão prontas a serem financiadas. Já recebeu 165, das quais 131 ainda estão ativas à espera de financiamento, revelaram os responsáveis pela gestão da plataforma, ao JN.
O ator André Gago também juntou um grupo de voluntários e criou a "Teia-19", uma plataforma que reúne os artistas que viram espetáculos cancelados devido à pandemia e querem continuar a produzir online. Neste caso, o apoio é feito por donativos. O RHI Stage também funciona neste formato. Já a Artworks, da empresa OTIIMA, produz e financia trabalhos para exposições nacionais e internacionais.