O poeta Nuno Júdice morreu este domingo, em Lisboa, aos 74 anos, confirmou a editora Dom Quixote.
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"Foi com profundo pesar e sentida consternação que na Leya e principalmente na Dom Quixote tomamos conhecimento da triste notícia do falecimento de Nuno Júdice, hoje, em Lisboa, vítima de doença. Uma notícia que abalou todos os que trabalharam mais de perto com Nuno Júdice mas, com toda a certeza, todos os seus muitos leitores e admiradores. E que sem dúvida deixa mais pobre a literatura e a poesia portuguesas", pode ler-se num comunicado da editora Dom Quixote enviado à agência Lusa, depois de a notícia ter sido avançada pela SIC.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já lamentou a morte do poeta e professor Nuno Júdice, lembrando-o como "um autor decisivo numa época de transição da poesia portuguesa".
"Um grande choque"
Também o diretor-geral do grupo Leya, Pedro Sobral, lamentou a morte de Nuno Júdice, considerando que se trata de um "dia muito triste para a cultura portuguesa".
Pedro Sobral admitiu "um grande choque" com a notícia, destacando o homem além do poeta, ficcionista e ensaísta. "É uma grande tristeza, porque o Nuno Júdice, além de ser um poeta e ficcionista extraordinário e que marcará a literatura e a cultura portuguesa, era, acima de tudo, um homem extraordinário. Acho que tocou todos os que trabalharam com ele, era um homem muito cordato, gentil, discreto, mas um cavalheiro", afirmou.
Sublinhando que "a obra fala por ele", numa carreira que se prolongou por mais de 50 anos, Pedro Sobral assinalou "a sensibilidade", bem como "a própria melancolia da sua poesia".
Nuno Júdice nasceu na Mexilhoeira Grande, em Portimão, no distrito de Faro, em 1949.
Foi professor associado da Universidade Nova de Lisboa, instituição onde se doutorou em 1989 com a tese "O espaço do conto no texto medieval".
Poeta, ensaísta e ficcionista, Nuno Júdice foi, até 2015, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Júdice desempenhou o cargo de diretor da revista literária "Tabacaria" (1996-2009) e foi comissário para a área da Literatura da representação portuguesa na 49.ª Feira do Livro de Frankfurt.
Desempenhou funções como conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris (1997-2004) e diretor do Instituto Camões na capital francesa.
Organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa'94 - Capital Europeia da Cultura, e dirigiu a Revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Literariamente, estreou-se em 1972 com o livro de poesia "A Noção de Poema".
Ao longo da carreira literária, Nuno Júdice foi distinguido com diversos prémios, entre os quais o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana, em 2013, o Prémio Pen Clube, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus.
Recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, por "Meditação sobre Ruínas", finalista do Prémio Europeu de Literatura.