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Não há dúvida que Portugal é um país de mar. E não há dúvida que Portugal é um país de vinho. "Nascemos com sorte".
A minha sugestão, para este início de outono temperado, vem de regiões mais conhecidas pelo turismo, onde o mar marca uma presença muito forte e onde se produzem vinhos há vários séculos (ainda que em quantidades muito limitadas) - Açores e Algarve.
Enche-me a alma que haja produtores perseverantes a apostarem novamente nestas regiões menos óbvias de uma forma tão autêntica, utilizando as castas mais tradicionais e, sem vergonha, a mostrarem um Portugal mais genuíno. Quiçá inspirados na personagem do velho que no romance de Ernest Hemingway "O velho e o mar" nunca deixou de perseguir aquele que era o seu propósito.
Arinto dos Açores Sur Lies 2017
Um branco feito de uma casta cujo nome se confunde com outra amplamente plantada em Portugal Continental - Arinto. Mas não é a mesma!
Crescem junto ao mar, as vinhas de onde estas uvas provêm e são protegidas dos ventos salinos por uma trama de muros de pedra, naquela que é umas das paisagens vitícolas mais bonitas do Mundo.
Neste vinho, António Maçanita não complica e coloca dentro de cada garrafa um pouco de toda aquela envolvente e da riqueza desta casta rara.
Azores Wine Company | PVP: 32,5€
Paxá - Negra Mole 2017
Eis um tinto que mostra um estilo dos vinhos do Algarve mais tradicional. Feito a partir de uma parcela de vinha com 60 anos da casta Negra Mole (num recente estudo ampelográfico nacional foi considerada a segunda casta mais antiga de Portugal), Frederico Vilar Gomes inspirou-se na sua experiência a fazer Ramisco de Colares e até utilizou engaço na fermentação. O estágio foi em barricas velhas e sábias.
Também neste vinho encontramos as sugestões salinas, resultado da proximidade ao mar, num conjunto de cor aberta. Inspirador de tão elegante que é.
Paxá Wines | PVP: 11€
Todos os domingos, na edição impressa do JN, damos-lhe sugestões de vinho.