Presidente da CCDR do Norte apela à reforma do Estado no centenário de Agustina
O líder da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte lembrou o papel de Agustina Bessa-Luís na região e no país, apelando à criação de condições políticas que permitam uma reforma administrativa do Estado.
Corpo do artigo
"Se como dizia Agustina que 'a cultura é o que identifica um povo com a sua finalidade', então o seu pensamento é-nos hoje indispensável e reveste-se de um incontornável sentido de urgência", disse António Cunha, este sábado, iniciando o discurso a propósito do centenário da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís.
O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) destacou que, em momentos como este, "de transições desafiantes, crises diversas e angustiantes incertezas", é preciso "reconhecer raízes" e "reconstruir a finalidade", com sentidos de "pertença" e de "futuro", "também a Norte".
"Na sua universalidade, na complexidade intrinsecamente portuguesa, Agustina é profundamente nortenha. Evidencia uma profunda consciência regional na sua obra. 'Ninguém é mais do Norte do que eu', disse. São as geografias, as paisagens, as famílias, as histórias. Mas é também a cultura, o carácter e um devir comuns", lembrou António Cunha, reforçando a missão de "levar a sério" essa consciência cultural, esse caráter e esse dever.
"Queremos assumir maiores responsabilidades. Ser capazes de resolver o nosso paradoxo de região mais pobre de Portugal e simultaneamente a mais rica - em população, em património cultural e natural, indústria, exportações ou energias limpas. Queremos ser uma grande região europeia de Cultura, Inovação e Criatividade. De bem-estar. Queremos, definitivamente, encontrarmo-nos com um futuro que a criação do grande projeto chamado Portugal, há quase 900 anos, nos prometeu", asseverou.
Dirigindo-se ao presidente da República, António Cunha pediu, "neste dia tão simbólico para o país e para a região", que Marcelo Rebelo de Sousa "ajude a criar as condições políticas, de consenso partidário, para o avanço de uma reforma administrativa do Estado, que dê às regiões do Continente as indispensáveis capacidades para responder a tempos tão desafiantes e resolver os seus paradoxos".
"Basta que se quebrem as inibições impostas pelo centralismo castrador do desenvolvimento de todo o país. Como escreveu Agustina, 'sempre haverá afeto e camaradagem entre o Norte e o Sul. Porque é que a liga hanseática não se há de entender com o califado?'", recordou.