Companhia de teatro de Vila Real estreia nova peça original esta sexta-feira.
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“Loba” é a nova produção da Peripécia Teatro, de Vila Real. Pretende alertar para a preservação desta espécie e quebrar mitos que a diabolizam. Estreia esta sexta-feira, às 21 horas, na sede da companhia, no Centro Cultural e Recreativo de Benagouro. Repete todas as noites, à mesma hora, até 10 de junho.
Esta é a primeira peça original da Peripécia após a comemoração dos 20 anos da companhia, durante o ano 2024. O codiretor artístico e ator, Sérgio Agostinho, explica que a peça “conta um bocadinho a problemática do lobo”, bem como se debruça sobre a sua “capacidade de resiliência”, a partir da história da “Loba”, desde que nasce até que morre.
Sérgio Agostinho não tem dúvidas de que “o lobo nunca foi mau, o lobo é lobo, é uma espécie-chave no ecossistema” e de que foram os humanos que se “meteram no território dele”. Daí resultou “uma guerra antiga”, que é destacada na peça que pretende desmistificar um animal que foi “associado ao misticismo, à religião, ao maligno ou ao diabólico”, caraterísticas que “chegam à atualidade através de contos, por exemplo”.
A exibição da peça é feita em Benagouro, uma aldeia de Vila Real implantada a caminho da encosta nascente da Serra do Alvão, “em pleno território de lobos”, segundo Sérgio Agostinho, onde até viveu uma “alcateia chamada Sombra”.
Para preparar a peça, os atores da companhia “meteram-se na boca do lobo”, porque “a temática é mesmo muito complexa” e com “muitos ângulos de visão”. O codiretor artístico nota que “não é só uma temática ambiental, também é social e política”, pelo que o objetivo da produção é “dar um bocadinho dessas perspetivas através de um espetáculo que também é feito de muita variedade estética”, nomeadamente música ao vivo, de humor e de drama.
“Loba” é inspirada em textos do espanhol Félix Rodriguez de la Fuente, com testemunhos reais e uma canção recolhida por Federico Garcia Lorca.
Para este projeto também contribuiu o desafio da Câmara Municipal de Vila Real para que a Peripécia abordasse o “ambiente natural da Serra do Alvão”. Mafalda Vaz de Carvalho, dos serviços do ambiente da autarquia, diz que “é preciso lembrar que conhecer é proteger”, pelo que ao conhecer o percurso de vida da “Loba” é possível “compreender que há impactos negativos” pelo facto de existir o Parque Natural do Alvão.
O projeto inclui percursos interpretativos guiados pelo especialista André Brito, que, antes das sessões de exibição da peça, vai até ao fojo do lobo, na Samardã (Vila Real), para que as pessoas “percebam o que era aquela estrutura, para que servia, quais eram os caminhos do lobo, porque é que deixou de passar lá e porque é que os incêndios são tão prejudiciais para a espécie”.