Festival ainda tem concertos este domingo em Vieira do Minho. “O gosto pela música é um factor de coesão”, diz a organização.
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Num ambiente bucólico, pacato e longe da agitação, o jardim interior da Casa de Lamas, um imponente edifício construído em pedra que emerge no centro de Vieira do Minho, assistiu este sábado a um dos momentos principais do festival itinerante Província Sonora – um recital de piano e violoncelo protagonizado por António Rosado e Filipe Quaresma.
Depois de ter arrancado em Leiria, em março, a iniciativa fez uma paragem no Minho, onde continua até ao final deste domingo, com o objetivo de “provar que a música clássica não é apenas para alguns” e que pode ser “apresentada de forma apaixonada”.
“Este é sobretudo um festival de proximidade e de aproximação, que permite fazer a junção de costumes e sons numa viagem musical muito ligada também à própria natureza e à comunidade em que se realiza”, explicou ao JN Vanessa Pires, que partilha a direção artística e a coordenação geral com Dalila Teixeira.
Ao final da tarde de sábado, o piano de António Rosado e o violoncelo de Filipe Quaresma juntaram-se numa harmonia irrepreensível, conseguida pelo talento dos dois intérpretes que permitiu mostrar que a música clássica também se toca fora dos grandes palcos e despida de grandes formalismos.
Ali, naquele chão de pedra três degraus acima do solo, numa envolvência pouco habitual, a dupla foi responsável por um recital de temas clássicos, como as sete variações de Beethoven, num contacto (literalmente) próximo e de certa forma cúmplice com o público. “Uma experiência diferente”, para Filipe Quaresma, “mas que deve acontecer cada vez mais na música erudita” para a fazer chegar a mais públicos.
“Fator de coesão”
A fechar a noite de sábado, a Praça Guilherme de Abreu assistia a um “Ensemble Provinciano”, que teve a particularidade de juntar intérpretes de música erudita com grupos de música tradicional local, como o folclore. Depois de Vieira do Minho, já na próxima terça-feira, o Província Sonora chega à cidade italiana de Valtellina. Em setembro vai acontecer em Castelo Branco e na ilha do Pico, nos Açores.
“Queremos que o festival seja um mote para juntar pessoas que não se conhecem, que vivem em sítios muito diferentes, mas que têm em comum este gosto pela música, que se assume como um fator de coesão social”, frisou Vanessa Pires.
Concertos de domingo
Bernardo Soares e Nuno Pinto
Este domingo, às 19.30 horas, a Casa de Lamas acolhe o espetáculo de Nuno Pinto e Bernardo Soares, um concerto com sons e ritmos de diferentes países.
Martín Sued e Orquestra Assintomática
O festival encerra às 22 horas com um concerto de um sexteto instrumental liderado pelo bandeonista Martín Sued, na Praça Guilherme de Abreu. É tudo gratuito.
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