“My method actor”, terceiro disco da cantora britânica, traz um amadurecimento face a tudo o que dela se esperava: ecletismo, inspiração, elegância.
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“Method actor”, tema que dá título ao 3.º disco de Nilüfer Yanya, não é apenas uma apresentação do álbum, mas também a sua suma. Cartão de visita, para quem não conhece a cantora: há jazz, R&B, soul e indie, pop e rock. Há ecletismo, elegância e delicadeza.
A inspiração patente na artista não se resume a um tema. O álbum, editado a 13 de setembro, é aliás o mais coeso dos seus três: o mais envolvente, o que mais funciona como ambiente sonoro, sem parecer querer procurar singles, sem correr atrás de hits de rádio ou de querer provar alguma coisa.
Há músicas que se destacam: “Keep on dancing”, com um lado mais dançável e urgente; “Just a western”, com batida ritmada e contagiante; “Ready for sun (touch)”, um toque clássico e uma produção infalível (do eterno colaborador e instrumentista Wilma Archer); ou “Mutations”, onde a fusão de jazz e soul é mais percetível.
No final, todo o disco parece por vezes um espaço para a voz quente de Nilüfer Yanya sobressair, tal é o seu impacto, a sua diferença – fazendo nesse aspeto lembrar um pouco Sade, naquela sensação familiar de que só o seu timbre já marca um estilo, já valeria um álbum.
Mas a luz da cantora nascida em Londres, com ascendência irlandesa e turca, não brilha apenas através dos vocais ambrosíacos; em cada nota, em cada detalhe e arranjo individual, e também no conjunto, está a sua personalidade, a tal elegância.
Aos 29 anos, Yanya, que já passou pelos festivais Nos Alive e Primavera Sound Porto, tem tudo para se confirmar como uma das grandes artistas no panorama independente europeu.
Depois de vários EPS e dos dois primeiros álbuns, os bem acolhidos “Miss universe” (2019) e “Painless” (2022), o novo “My method actor” é já, para alguns, um dos melhores discos do ano. É já, certamente, um dos que mais crescerá a cada audição.