Governo anuncia novo apoio de 400 mil euros dirigido apenas às pequenas empresas do setor.
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O Ministério da Cultura vai anunciar esta quinta-feira um apoio de 400 mil euros, especialmente dedicado ao setor livreiro, até um máximo de cinco mil euros por empresa. "É uma medida destinada às pequenas editoras e livrarias", esclareceu fonte do gabinete de Graça Fonseca ao JN. A decisão chega no Dia Mundial do Livro, que se celebra este ano num contexto de crise sem precedentes. Na segunda semana de abril (a última de que existem dados), o volume de vendas nas livrarias caiu 84% em relação à mesma semana de abril de 2019. O mercado, que integra ainda os hipermercados, continua a cair de forma aguda, comparativamente com o ano passado: perdeu 71 % do seu valor - nessa semana, o setor rendeu menos dois milhões de euros e venderam-se menos 149 mil livros (uma quebra de 65,9%).
Os números da GfK, empresa de análise de dados que monitoriza o mercado português, colocam em perspetiva a dimensão do apoio decidido pela tutela. O anúncio vem na sequência de uma série de apelos públicos feitos pelo setor e depois de uma reunião com Graça Fonseca, realizada anteontem. Mas até à hora de fecho desta edição, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) não conhecia a medida oficialmente e, por isso, o seu presidente, João Alvim, não a quis comentar. As editoras e livreiros propuseram várias medidas, que iam muito mais longe do que o financiamento decidido pelo Ministério, que inclui ainda a antecipação para maio de bolsas de criação literária, com reforço de 45 mil euros.
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Aos 400 mil para a compra de livros a preço de venda ao público (que serão distribuídos, em articulação com o Instituto Camões, na Rede de Ensino de Português no Estrangeiro e na Rede de Centros Culturais), soma-se ainda a verba de 200 mil euros, já prevista no Orçamento 2020, para aquisição de títulos a integrar na Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. A aquisição das obras no âmbito do novo apoio será dirigida pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). O JN tentou saber pormenores sobre os critérios que vão nortear a compra dos livros, mas o ministério remeteu as respostas para um regulamento a divulgar mais tarde.
Em Portugal, existam cerca de 150 editores de pequena e média dimensão, que publicam cerca de mil títulos por ano.
Setor estrangulado
O Dia do Livro está, em 2020, particularmente ensombrado pela crise Covid-19: a literatura vendeu menos 69% e a procura pelo género infantojuvenil diminuiu 63%, segundo a GfK. "O estrangulamento é tão grande, que é difícil celebrar. A única forma é dizer às pessoas que leiam e que mergulhem nos livros", aconselhou João Alvim, que está naturalmente muito pessimista. O líder da APEL recordou, ao JN, que durante o tempo da troika, o mercado dos livros "perdeu, em cinco anos, 25% do seu valor". "Conseguimos, a partir de 2016, recuperar 5%. Desta vez, vão ser precisos mais de cinco anos" para a recuperação. "Alguns não vão conseguir continuar", lamenta o responsável.
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Para além da APEL, também um grupo de pequenos editores se organizou para reivindicar apoios. Editoras como a Cotovia ou a Tigre de Papel propuseram a redução da taxa de IVA nos livros e outras medidas de redução da carga fiscal, com o objetivo de aliviar toda a cadeia de produção, distribuição e venda de livros. No início do mês, o JN noticiou que a recém-criada Rede de Livrarias Independentes, que tem 56 estabelecimentos, exigiu ao Governo medidas para superar as dificuldades de tesouraria.
Campanha para adotar uma livraria
Campanha de vendas online acaba esta quinta-feira e visa dar às livrarias independentes um terço do valor adquirido nas vendas nos sites da Antígona ou da Orfeu Negro.
Descontos nas grandes lojas online
Todos os livros comprados no site da FNAC terão descontos entre 20% a 50%, incluindo as novidades. Na livraria online Wook , os preços reduzem-se 20% e os portes de envio serão grátis. O mesmo acontece nas encomendas na Leya online, que oferece descontos até 70%. Na Bertrand, há promoções entre 20% e 50%, também com envio gratuito.
Livros preferidos revelados pela DGLAB
A Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) divulga os livros, adulto e infantil, preferidos dos portugueses, selecionados no âmbito de um inquérito online organizado pela instituição.