Com dois concertos, marcados para o Porto e Lisboa, Rita Vian abre neste fim de semana mais um Misty Fest. Espetáculos que a artista afirma serem o culminar de um percurso iniciado há um ano e meio, com o lançamento de "Caos'a", o seu primeiro disco.
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O festival Misty Fest volta este ano para a sua 13º edição, com um vasto programa que traz grandes nomes da música contemporânea, ao longo de um mês. Com a pretensão de reconhecer "qualidade artística" em diferentes géneros musicais, o Misty Fest irá proporcionar ao público grandes concertos, em várias cidades de Portugal - Porto, Lisboa, Guarda, Espinho, Braga, Figueira da Foz e Portalegre.
Rita Vian é uma das apostas do Misty Fest, que a vê como uma das mais sólidas promessas da cena musical portuguesa contemporânea. Tendo-se estreado, em 2021, com o disco Caos`a, a artista encontra-se a criar o seu caminho na música.
A participação no Misty Fest - sábado na Casa da Música e no dia seguinte no Museu do Oriente - é vista pela cantora como "um fechar de um ciclo que foi muito importante e construtivo". E é essa a mensagem que pretende transmitir nos dois concertos, prometendo uma grande entrega e vontade de estar em palco, partilhando as suas histórias com o público.
Rita Vian já está a olhar para as portas que se vão abrir futuramente, mesmo que seja uma continuação do trabalho construído desde o seu albúm. "Muito trabalho novo, que vem na fase seguinte", revela vagamente a artista, que continua muito enigmática, mas prometendo grandes projetos.
O caminho percorrido
Foi ao lado da banda Beutify Junkyards que Vian fez o seu tirocínio musical. A cantora confessa ter sido uma grande aprendizagem para se descobrir e poder mais tarde lançar-se numa carreira a solo: "Ao longo do tempo fui-me apercebendo de todas as coisas que eu representava e do que a minha personalidade trazia naturalmente para a música", diz.
Estas "coisas" de que Rita Vian fala irão ser transmitidas para uma mensagem "ligada ao dia a dia, à realidade e acaba por ser até meio autobiográfica", refere a cantora.
Todo o seu processo de descoberta levou-a a uma carreira a solo, com estilos musicais muitos diferentes entre si, mas que se unem nas suas canções. Entre o hip-hop, o fado e a música eletrónica, Rita Vian confessa que toda a sua criatividade musical surgiu por influência do que ouve: "Não é um processo consciente, nós estamos rodeados de estímulos e todos eles nos influenciam, tudo aquilo que nós ouvimos".
"Por ouvir muito hip-hop, fado e música eletrónica, criei naturalmente o que acabou por materializar-se na minha música", acrescenta.
O mundo da música, cada vez mais cheio e competitivo, em que Rita Vian entrou recentemente, não a assusta e confessa que nem sequer pensa no futuro e no que poderá acontecer, deixando que a sua escrita e amor pela música decidam isso por si. A cantora explica que: "se nós trabalharmos sempre mais e fizermos exatamente aquilo que queremos, havemos de chegar a alguém".
A preocupação está concentrada em "fazer mais". "Sou uma pessoa que está sempre a escrever, sempre a criar" , revela Rita Vian.
Uma rampa de lançamento
É nesta ânsia que, em 2021, lançou o seu primeiro álbum designado "Caos`a . Um EP que contou com edição da Arraial e produção de DJ Branko, o artista com quem também colaborou no single "Sereia Remix".
"O Branko, como produtor, acabou por criar uma cama que traduzia muito bem a mensagem de cada uma das canções", afirma Rita Vian. A cantora vê neste disco um meio de contar as suas histórias e partilhar os seus pensamentos com o público: "É um disco existencialista e biográfico, que traduz muito os meus pensamentos diários, tanto abrangentes como mais ligados ao amor e a assuntos mais íntimos".
"Caos'a" é uma junção dos nomes causa, caos e casa, em que a artista pretendeu criar uma metáfora para "alcançarmos e desejarmos sempre tudo o que quisermos, sendo que tudo é possível se nós nos focarmos nesse objetivo", disse.
Conseguindo uma reação muito positiva do público ao seu álbum, Rita Vian ficou surpreendida e expressa a sua emoção perante "a empatia dos outros para com o textos e para com a música". "Acabamos por nos encontrar uns nos outros e isso é muito bonito", acrescenta a cantora.