Evento regressa aos Jardins da Torre de Belém, nesta sexta-feira e sábado, em Lisboa, celebrando a música portuguesa
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São 25 anos da cadeia FNAC em Portugal e oito anos de FNAC Live, com este nome e conceito. Esta sexta-feira e sábado, 2 e 3 de junho, os Jardins da Torre de Belém voltam a acolher o evento que pretende celebrar a música, os artistas e o público nacional. A entrada é livre e o cartaz em ano de aniversário mais forte e diversificado, piscando mesmo o olho à Sétima Arte.
O primeiro dia do evento, 2 de junho, arranca em Belém com um DJ Set de Nuno Lopes pelas 17 horas, a que se segue um espetáculo da Lisbon Film Orchestra, dirigida pelo maestro Nuno Sá em formato de Cordas, Piano e Percussão.
Nestes moldes, a LFO vai apresentar as melhores músicas das bandas sonoras mais reconhecidas do mundo cinematográfico, estando garantidos temas como "Skyfall" (de "007"), "Hey Jude" dos Beatles, "Somewhere over the Rainbow" ("Feiticeiro de Oz"), This is Me ("The Greatest Showman") ou Mamma Mia, dos ABBA. A primeira noite termina com uma sessão de Cinema ao Ar Livre, com a exibição do filme-concerto "Circo de Feras", dos Xutos & Pontapés.
A programação do dia 3 de junho divide-se entre o Palco Novos Talentos FNAC (NTF) e o Palco Principal: a partir das 15 horas, e pelo palco Novos Talentos, vão passar os projetos Azia, Quase Nicolau, Peter Suede, Redoma e Velhote do Carmo, bem como Ana Lua Caiano.
O Palco Principal acolhe concertos de Gisela João, GNR, Nenny, Sérgio Godinho, You Can"t Win, Charlie Brown e ainda o projeto José Pinhal Post Mortem Experience. Durante a tarde de sábado, serão ainda entregues os prémios Novos Talentos FNAC, que têm como objetivo promover o talento nacional em seis categorias diferentes - fotografia, ilustração, escrita, cinema, música e videojogo. Este ano, os premiados recebem 10 mil euros cada, num total de 60 mil euros.
O evento é produzido pela FNAC com co-organização da Câmara de Lisboa, revestindo-se em 2023 de um cariz especial. "São 25 anos de FNAC em Portugal e oito anos de FNAC Live com este nome. A verdade é que o festival teve três edições antes de 2016, com o nome Festival Novos Talentos. No fundo, tudo começou como uma expansão desse projeto", começa por explicar ao JN Catarina Ribeiro da Silva, da Programação do FNAC Live,
Novos Talentos deram o mote
Tudo se iniciou então em 2007, com a primeira edição da coletânea dos Novos Talentos FNAC. Com a curadoria do Henrique Amaro, a compilação tinha, e continua a ter, "o objetivo de mostrar novos artistas emergentes sempre com a lógica de atenção à diversidade e novas propostas", refere a programadora. Foi o êxito desta compilação que levou à vontade de começar a apresentar também estas sonoridades ao vivo, "e é assim que nasce o Festival Novos Talentos, que anos depois evolui para FNAC Live", adianta. O objetivo principal é o mesmo, desde o arranque: "promover o talento nacional e o livre acesso à cultura. Orgulhamo-nos bastante não só de conseguir manter o projeto vivo, mas de o ver crescer de ano para ano", frisa Catarina.
Sendo este um festival urbano, de entrada livre, ele começou primeiro mais timidamente nas ruas de Lisboa, tendo depois passado pelo cinema São Jorge, pelo Village Underground, Capitólio, Pavilhão Carlos Lopes, Coliseu. Agora, "aterrou" nos Jardins de Belém, com adesão crescente. "Nos últimos cinco anos, efetivamente tivemos um crescimento muito grande, mesmo durante o período da pandemia. A edição de 2020 acabou por acontecer dentro do Coliseu, com todas as medidas de segurança impostas na altura e em 2021 fomos o primeiro festival a acontecer quando caíram as medidas mais extremas. Três dias antes estávamos prontos para receber o público sentado, e de um dia para o outro as coisas mudaram e acabámos por conseguir fazer os concertos com plateia em pé, sem distanciamento obrigatório e com todas as dinâmicas do festival a fluir - foi um momento único", frisa Catarina Ribeiro da Silva.
Em 2022, a marca fechou a parceria com a Câmara de Lisboa que ajudou a "concretizar o sonho" de levar o festival para uma zona ainda mais nobre e ampla da cidade. "O cenário da Torre de Belém é único e ter uma sala aberta de concertos gratuitos com este pano de fundo foi uma receita de sucesso. Foi também no ano passado, e por conseguirmos estar num espaço tão amplo, que acabámos por levar a entrega dos prémios Novos Talentos para dentro do festival", adianta ainda.
Sobre o cartaz deste ano, a programadora admite um reforço:"O nosso objetivo é sempre conseguir um cartaz eclético e com muita diversidade - de estilos, géneros, gerações e sonoridades. Apostamos sempre numa programação que mistura jovens talentos em início de carreira, com alguns nomes mais conhecidos, porque acreditamos que este cruzamento é benéfico para todos: artistas e público", diz. No entanto, "este ano, com a celebração dos 25 anos, temos efetivamente um cartaz mais extenso e que consideramos mais completo por incluir outras disciplinas artísticas, nomeadamente no dia extra [2 de junho] que consideramos como um "warm up"", explica.
De pontos altos para o público, a responsável destaca alguns. "Sou suspeita, mas levando para um plano mais conceptual, destacaria o maravilhoso que é podermos sair de casa em direção a um dos jardins mais bonitos da Capital, para assistir a 12 concertos gratuitos, ou à Lisbon Film Orquestra ou ao documentário "Circo de Feras" - Xutos e Pontapés, É uma avalanche cultural maravilhosa, acessível a todos".
Até porque levar a cultura às pessoas é cada vez mais importante. "Cultura e música desempenham um papel significativo nas nossas vidas e tendo em conta os tempos que atravessamos, continua a ser muito importante trabalhar na democratização da cultura, facilitando o acesso das pessoas a propostas criativas. É preciso promover e alimentar o gosto pela cultura, despertar paixões e agitar mentalidades", destaca Catarina Ribeiro da Silva. Para a programadora, "a cultura define as sociedades, trazendo para o espaço público propostas que alimentam as ideias e motivam o debate".