É talvez a única música eletrónica da atualidade que desperta a vontade de dançar "pogo" - a forma encontrada pelo público, na Inglaterra dos anos 1970, para acompanhar os concertos de Clash, Sex Pistols ou Stiff Little Fingers, e que em português se poderá traduzir por "dança de saltos e encontrões."
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O número é conhecido, e tornou-se célebre em Portugal no ano passado, quando os Sleaford Mods atuaram no Festival Paredes de Coura: Andrew Fearn liga o botão do lap top que ativa uma base rítmica minimal, abre uma lata de cerveja e deixa-se estar a curtir enquanto Jason Williamson debita o seu arrazoado de indignações sociais e políticas - que tiveram um foco recorrente no concerto do Primavera Sound: o anúncio feito ontem pela primeira-ministra britânica, Theresa May, de que irá manter em funções os atuais ministros no governo que vai formar com o apoio dos Unionistas da Irlanda do Norte.
Williamson é uma espécie de Jello Biafra (vocalista da banda hardcore americana Dead Kenedys) do século XXI - subversivo, provocador e contundente. Mas nada disto teria grande interesse se a música não funcionasse. A questão é que não só funciona como incendeia. A batida é inebriante e o discurso libertador. Ninguém fica indiferente à atuação destes dois maduros.
No final de tarde do segundo dia do Primavera Sound registe-se ainda o concerto de Pond, que fez vibrar a encosta do Palco Nos com o seu glam rock espacial; e a presença do "power pop" dos Teenage Fanclub no Palco Super Bock.
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