Cantor norte-americano de 33 anos atua durante três dias na Meo Arena, sexta, sábado e domingo. O seu espetáculo “Utopia - Circus Maximus” provoca euforia e efeitos semelhantes aos terramotos.
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O espetáculo chega com uma aura de tragédia (já lá vamos) mas também, ou sobretudo, de celebração e exaltação: Travis Scott, fenómeno de hip-hop norte-americano, vai explodir durante três dias em Portugal. Cerca de 60 mil pessoas, numa larga maioria de adolescentes, assistirão aos concertos de encerramento da digressão “Utopia - Circus Maximus” na Meo Arena, em Lisboa.
Boa notícia para os fãs desatentos: ainda há alguns bilhetes à venda, apurou o JN.
O músico dos EUA estreou-se por cá no Festival Super Bock Super Rock de 2018, e voltou em 2022, agora ao Rolling Loud, em Portimão. Nos dois festivais, terá agregado cerca de 20 mil pessoas em cada um. Dois anos depois, a sua popularidade faz triplicar o estrondo.
Travis precisou apenas de três anos para passar da primeira mixtape, “Owl pharaoh”, ao sucesso internacional que lhe deu um segundo disco no top da Billboard 200, “Birds in the trap sing McKnight”.
Qualquer fã ou curioso de hip-hop reconhecerá “Goosebumps”, música que acumula mais de dois mil milhões de reproduções no Spotify.
Recordes e tragédia
A consolidação do seu sucesso exponencial chegou em 2018, com “Astroworld”, projeto que passou três semanas no n.º 1 da Billboard, gerou outro êxito planetário, “Sicko mode”, arrecadou reconhecimento unânime de fãs e crítica e deu mote ao festival homónimo que pôs em curso nesse mesmo ano.
Mas o que aconteceu em 2021 ultrapassou a fronteira do hip-hop ou da cultura musical. Quem não conhece Travis Scott pelo seu talento - ou por ser ex-namorado e pai da filha de Kylie Jenner, do mediático clã Kardashians -, poderá associá-lo a uma tragédia: a morte de dez jovens num concerto em Houston, nos EUA.
O Festival Astroworld tornou-se um evento anual e no dia 5 de novembro de 2021, o recinto apinhado do NRG Park de Houston conduziu dez jovens espectadores à morte por “asfixia compressiva”. Ou seja, morrerram esmagados por uma massa movediça e imparável de pessoas que tentava aproximar-se do palco e de Travis.
Houve gritos, pânico, pedidos de ajuda e dois jovens treparam ao palco para pedir que o concerto parasse, gritando “há pessoas aqui a morrer!”, como ficou registado num vídeo viral de uma espectadora aflita à frente.
Travis Scott chegou a parar o concerto, mas retomou-o segundos depois. No rescaldo da tragédia, o artista de 33 anos confessou não se ter apercebido da dimensão da catástrofe.
Sucedeu-se uma investigação, diversos processos judicias e a maioria das famílias recusou o pagamento das despesas do funeral que o rapper tinha oferecido.
Nenhum tribunal deu Travis Scott como culpado - houve apenas processos individuais das famílias e avultadas indemnizações que se mantêm confidenciais.
Detenção e intoxicação
Esta não é a única vez que Travis Scott fica associado a eventos negativos.
Os seus comportamentos erráticos e explosivos são prática comum desde o início da carreira. O mais recente dá conta da detenção do rapper em Miami, em junho, por invasão de propriedade e desacatos sob o efeito de substâncias intoxicantes.
Foi libertado depois de pagar uma fiança milionária: mais de 600 mil euros.
Espetáculo e terramoto
Este fim de semana, Travis Scott traz a Portugal o espetáculo do disco de 2023 “Utopia”, um show massivo de música, luzes e pirotecnia, em que interpretará cerca de 30 canções, incluindo “My eyes”, tema recente com referências alegóricas à tragédia de Houston e em que o rapper expõe, do seu ponto de vista, as lutas e obstáculos que tem que ultrapassar na sua vida pessoal e artística.
Estes três dias em Lisboa serão sempre singulares para os seus jovens e eufóricos fãs, e hipoteticamente também para o Instituto Português do Mar e Atmosfera, organismo que mede as atividades sísmicas no nosso país.
Porquê? No concerto de Scott no Ippodromo Snai La Maura, em Milão, Itália, no dia 23 de julho, o arrebatamento de 80 mil pessoas, que não pararam de saltar nas bancadas da gigantesca arena, provocou um efeito semelhante a um pequeno terramoto, e esse abalo foi oficialmente registado pelo instituto sísmico local.