O Estádio Cidade de Coimbra estava cheio, a multidão era imensa e os U2 conquistaram-na desde o primeiro minuto, como seria de esperar. Entre o puro espectáculo, assegurado por toda a tecnologia do palco, e momentos mais intimistas e políticos, houve U2 para todos os gostos.
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Entraram no Estádio Cidade de Coimbra às 21.45 horas, ao som de "Space Oddity", de David Bowie. O momento sentia-se solene, com Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. a percorrerem um corredor até chegar ao palco, sob uma enorme ovação dos milhares que se encontravam no recinto.
Bono circulou pelo anel do palco e, frente aos fãs, puxou por eles para ouvir a imensa multidão, enquanto a instrumental “Return of the Stingray Guitar” marcava o inicio do concerto. Desligaram-se as luzes e fez-se um “Beautiful Day”, recebido em delírio pelo público.
Seguiu-se “I Will Follow”, do primeiro disco, “Boy” (1980), no que seriam duas horas de canções fundamentais dos 30 anos de carreira da banda, intercaladas com músicas do mais recente “No Line on the Horizon” (2009) ou as inéditas “Mercy” e “North Star”.
Na muito enérgica “Get on Your Boots”, os quarto membros da banda ocuparam vários pontos da complexa estrutura do palco, com a guitarra de The Edge e o baixo de Adam Clayton lado a lado na frente do anel, a escassos metros dos fãs que se encontravam na “Red Zone” (localizada entre o centro do palco e o anel que estava à sua volta, ligado por duas pontes metálicas giratórias).
“Lisboa”, “Braga”, “Porto”, “Coimbra”, gritou Bono antes de avançar para “Magnificent”, “Mysterious Ways” e de trautear “Let It Be”, dos Beatles, para arrancar com a vigorosa “Elevation”. Uma onda de total excitação voltou a invadir o estádio, em pleno movimento e a entoar em uníssono um dos êxitos de “All That You Can't Leave Behind” (2001).
Antes de "I Still Haven't Found What I'm Looking For", Bono aproximou-se do público e mostrou conhecer a cidade em que estava a actuar. "Nunca estive em Coimbra, sei que têm uma universidade muito respeitada". "Devo dizer-vos que esta banda nunca foi para a universidade", disse, partindo para umas pequenas entrevistas aos restantes membros do grupo, para descobrir o que é que gostariam de estudar.
Abraçado a uma fã, Bono cantou “In A Little While”, seguindo caminho para “Miss Sarajevo” e “City Of Blinding Lights”, onde o ecrã circular começou a descer em forma de cone, abrindo caminho para a vertiginosa “Vertigo”, com imagens da banda a surgir no ecrã a alta velocidade.
O momento mais político da noite ficou reservado para o final da actuação, com “Sunday Bloody Sunday”, “MLK” e “Walk On”, dedicada a San Suu Kyi, líder da oposição ao regime ditatorial birmanês e prémio Nobel da Paz, em prisão domiciliária desde 2003.
“Esta noite cantamos por ela, esta noite caminhamos por ela”, surgia escrito no ecrã, enquanto uma acção da Amnistia Internacional levava para o anel do palco várias pessoas com velas na mão.
Uma mensagem para África deu o mote para “One”, a primeira música do encore, seguida de "Where the Streets Have No Name", com o público mais uma vez ao rubro.
Feitas as despedidas ainda houve tempo para “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”e “With Or Without You”, num segundo encore. “Vocês são o máximo”, agradeceu Bono, ajoelhado frente ao público, antes de terminar o primeiro concerto da “360º Tour” no Estádio Cidade de Coimbra com “Moment Of Surrender”.
Depois de um ano de espera, as portas do Estádio Cidade de Coimbra abriram-se finalmente ontem para receber as mais de 85 mil pessoas que conseguiram adquirir os muito disputados bilhetes para os concertos dos U2.
De ingresso na mão, iam passando as várias barreiras de segurança impostas pela organização até conseguirem vislumbrar o gigantesco palco que dali a umas horas receberia a banda liderada por Bono Vox.
À medida que a hora do concerto se aproximava, o recinto ia enchendo e o barulho denunciava a excitação de assistir ao primeiro concerto da “360º Tour” em Portugal.
O cenário era imponente, tal como previsto, com o gigantesco palco em forma de aranha montado numa das pontas do estádio. E porque quase sempre o que ali se vê é futebol, não faltou quem soltasse comentários como “nunca mais começa o jogo!” ou “olha a águia Vitória!”. Ondas de braços ou de gritos e muitos assobios mostravam que a cidade dos estudantes estava bem viva e ansiosa por receber a banda irlandesa.
A zona em volta do palco foi a primeira a encher, com um mar de gente concentrado em redor da majestosa estrutura metálica. Se quem estava nas bancadas e numa zona mais afastada do palco aproveitava para descansar as pernas ou antecipar a hora do jantar, lá à frente ninguém se atrevia a perder o lugar.
Os primeiros a soar em palco foram os nova-iorquinos Interpol, que têm feito a primeira parte dos últimos concertos desta segunda “leg” da “360º Tour” pela Europa. Entraram em palco às 20.15 horas, envoltos numa opaca luz roxa. “Lights”, primeiro single do novo disco, homónimo, foi das primeiras músicas que a banda de Paul Banks apresentou, num alinhamento composto por êxitos e canções do último trabalho.
Com a digressão europeia quase a terminar – na próxima sexta-feira, em Roma - a banda aproveitou para agradecer a experiência: “Queremos agradecer aos U2 por esta enorme oportunidade”. “Obrigado U2”, disse Paul Banks, em português.