Germano Almeida é o escritor em destaque no 14.º Escritaria. Homenagem inclui lançamento do seu novo livro.
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Entre a ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e a cidade de Penafiel há todo um mar. No entanto, apesar dos muitos quilómetros de distância, os dois lugares vão estar umbilicalmente ligados durante a próxima semana.
Por uma razão 100% literária: Germano Almeida, o escritor natural da Boa Vista que elegeu há várias décadas a paradisíaca ilha para escrever, é o convidado central do Escritaria.
Depois de uma edição, como a do ano passado, marcada pelos efeitos da pandemia, 2021 assinala a retoma plena do evento que celebra a obra de autores de língua portuguesa. Apesar do regresso, mantêm-se algumas das tendências acentuadas nos confinamentos, a começar pela transmissão online de muitos eventos.
A dimensão exterior do festival duriense encontra um equivalente à altura na obra do autor de "A morte do ouvidor". Tão presentes nas suas histórias, o som e o cheiro das ruas ou a força das gentes encaixam na essência do Escritaria. Seja através da indispensável arte de rua, dos concertos ao ar livre ou das não menos significativas decorações das montras das lojas com livros do homenageado. A todas estas iniciativas, acresce uma outra, essa sim inédita: nada menos do que aulas de funaná, contagiante género musical que alastrou da ilha de Santiago para pistas de dança de todo o Mundo.
Mas no Escritaria a rua não é o fim último de tudo. Como sempre, estão previstas iniciativas dentro de portas: seja no Museu Municipal de Penafiel, palco do lançamento do novo livro do autor, "A confissão e a culpa" e da conferência em torno da sua vida e obra; ou na Escola Secundária Joaquim Araújo, onde Germano Almeida vai estar à conversa com os alunos.
estrangeiro é aposta
Ao cabo de 14 edições a promover a literatura da lusofonia, o Escritaria vai receber por fim a presença de um ministro da Cultura. A ironia da situação é que essa representação vai acontecer através do responsável cabo-verdiano pela pasta, Abraão Vicente, com quem o escritor homenageado vai falar, na próxima sexta-feira, sobre os desafios da lusofonia.
Antonino de Sousa, presidente da Câmara de Penafiel, não atribui grande relevo a esse esquecimento continuado, preferindo deter-se nos frutos que a aposta tem dado. "Não sendo um festival de massas, o Escritaria proporciona-nos um acréscimo de notoriedade e visitantes diferenciados ao longo do ano", explica o autarca, que destaca o enfoque crescente na internacionalização do evento. Por isso, é previsível que "alguns dos próximos convidados possam ser do Brasil ou de África".
Programa
Segunda-feira: "As literaturas em língua portuguesa" - À conversa com Francisco Topa e José Carlos Seabra Pereira (21.30 horas, Recreatório Paroquial)
Quarta-feira: "O testamento do sr. Napomuceno da Silva..." - Exibição do filme homónimo, com apresentação prévia pelo realizador Francisco Manso (21.30, Cinemax)
Quinta-feira: Encontro de Germano Almeida na escola - Conversa do autor com alunos da Escola Secundária Joaquim Araújo
Sexta-feira: Bossa & Morna - Atuação de conjunto musical (21.30, Coreto do Jardim do Calvário)
Sábado: Conversas na Eira - Entrevista de Fernando Alves a Germano Almeida (22 horas, Quinta da Aveleda)p>
Domingo: "Em torno da vida e obra" - Conversa com Mário Lugarinho, Fernanda Almeida e Ana Cordeiro (16 horas, Museu Municipal)