União Audiovisual apoiou 850 técnicos e artistas no primeiro ano de existência. Mensalmente são distribuídos 350 cabazes em todo o país.
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Há um ano, era apenas uma ideia: dar apoio alimentar aos profissionais técnicos e artistas da cultura, espetáculos e eventos, atingidos em cheio por uma perda brutal de rendimentos. Exatamente 365 dias depois, a União Audiovisual (UA) mantém a essência da primeira hora - plasmada na divisa "ninguém fica para trás" -, mas o rastro da sua ação é agora bem visível.
Nesse período, auxiliaram 850 profissionais e respetivas famílias com cabazes que incluem bens alimentares, mas também produtos de higiene.
Com o aumento de pedidos, a média de cabazes distribuídos passou, nos últimos meses, de 200 para cerca de 350. Se Lisboa é a cidade de onde chegam mais solicitações, a ação da UA chega a todo o país, através de sete núcleos regionais.
"Temos conseguido dar resposta a todos", assegura Inês Sales, uma das diretoras da associação.
O processo de auxílio é avesso às habituais burocracias: os interessados têm apenas de ir ao site da União Audiovisual, preencher um formulário com dados básicos e esperar um contacto da associação, após ter sido comprovada a veracidade das informações.
Rápido e transparente
A confidencialidade e a garantia de que "todos são tratados da mesma forma", pertençam ou não a um agregado familiar numeroso, estão asseguradas ao longo do processo, garante a União Audiovisual.
A transparência de todas estas etapas faz com que sejam quase sempre os próprios beneficiários a avisar a associação quando a sua situação económica melhora, abrindo espaço para que mais sejam contemplados.
A rapidez com que tudo é tratado (poucos dias, na maioria dos casos) é um sinal adicional da eficiência com que a associação é hoje gerida. Do voluntarismo inicial de quatro técnicos que queriam apenas melhorar as condições dos seus colegas, rapidamente se evoluiu para uma estrutura ágil em que cada um dos membros da Direção tem um pelouro a seu cargo, seja virado para os donativos, a assistência social ou os eventos. À Direção é preciso acrescentar uma equipa de voluntários com algumas dezenas de membros e teremos uma ideia aproximada do funcionamento da rede.
Os apoios, esses, continuam a chegar de várias proveniências. Muitos particulares contribuem, através de géneros ou em dinheiro, para os cabazes. Não faltam também empresas de várias áreas que se têm associado à causa, seja com recolhas próprias ou atribuindo uma verba.
A resposta da comunidade artística tem sido igualmente firme: entre os artistas que cedem objetos para serem vendidos na plataforma online Loja do Artista e outros que se disponibilizam para participar em eventos, "são muitos os que querem ajudar", frisa Inês Sales, convicta de que "sem esses auxílios não teríamos alcançado nada".
Alargamento de apoios é uma possibilidade
Criada com o propósito maior de esbater os efeitos da atual crise junto dos trabalhadores de um setor já de si frágil como a Cultura, a União Audiovisual (UA) poderá estender a sua duração para lá da própria pandemia. "Infelizmente, haverá sempre técnicos e não só a precisar de ajuda, sobretudo os mais velhos", afirma Inês Sales, membro da Direção da UA. Esse cenário não se coloca de imediato. Se o ano passado foi de paralisação e o atual para lá caminha, "só no final de 2022" é que a associação prevê o restabelecimento de "alguma normalidade". Menos incerta do que o fim da pandemia é a vontade de alargar a capacidade de intervenção da UA. Os apoios começaram por ser apenas de bens alimentares e foram entretanto alargados aos produtos de higiene, mas o objetivo passa por alargar essa base para moldes que estão a ser negociados, embora "não possam ser já revelados". Do rol de prioridades faz parte também a abertura de um núcleo no arquipélago da Madeira, única região onde a UA não está representada.