
. São antecipados eventos "históricos"
Rui Oliveira/Global Imagens
Organizadores estão satisfeitos com a venda de bilhetes, mas esperam ainda maior adesão na fase final. São antecipados eventos "históricos".
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É o ano da desforra. Depois de mais de 24 meses em pandemia, 2022 vive-se agora com a situação mais controlada. Se não houver imprevistos, Portugal entrará no verão sem restrições e a celebração poderá ser mais visível no regresso dos grandes eventos de massas - como os festivais.
As empresas estão confiantes e o público a perder os receios quanto a cancelamentos. São os números que o comprovam. O JN falou com promotoras de espetáculos e a imagem é clara: muitos dos eventos deste ano esperam esgotar.
É certo que há um fator inédito, o da transição de bilhetes dos festivais cancelados em 2020 e 2021, a contribuir para o total, dificultando uma comparação exata. Mas os dados são, ainda assim, animadores.
"A venda de bilhetes para o público internacional [este ano, 15% do total] está superior em comparação com o mesmo momento de 2018", refere fonte do Rock in Rio Lisboa ao JN. Sobre o público nacional, a organização diz não ser comparável: "Já temos 60 mil pessoas com os bilhetes na mão há três anos". Logo, não é "uma comparação linear".
Roberta Medina, responsável pelo evento, acrescenta: "Este é o tão desejado momento de reencontro e a menos de dois meses de abrirmos portas, o que paira no ar é muita ansiedade". O evento da Bela Vista foi um dos que sofreram adiamentos. "Depois de tudo o que vivemos, e do que ainda estamos a viver, é compreensível que se possa sentir ainda algum receio", diz. "Mas agora que já é visível que vai acontecer, que a Cidade do Rock está no pico das montagens, há muito buzz e vemos as pessoas a começar os seus preparativos para virem ao festival. Não temos dúvidas de que quando as portas abrirem, as pessoas não vão correr. Vão voar".
os últimos a voltar
Antes do RiR chegam eventos no Norte e o NOS Primavera Sound, no Porto, espera esgotar. "Não sentimos ceticismo das pessoas, antes pelo contrário. O Primavera está com vendas superiores às últimas duas edições pré-pandemia. Se bem que também há aqui as vendas de 2020 e 21", afirma João Carvalho, da organização.
Mesmo os ingressos que muitos guardaram não minimizam o sucesso: num festival que "vende para todo o Mundo", a convicção da organização é de que o Primavera "vai esgotar este ano mais cedo do que na edição de 2018", começando pelos passes. "O que dizem as vendas é que as pessoas estão confiantes, embora também seja um cartaz forte. Mas não duvido de que as pessoas estão desejosas de se reencontrar e os festivais são também para isso. Estas serão edições históricas".
Para o Vodafone Paredes de Coura, adianta João Carvalho, as vendas estão ligeiramente acima de anos anteriores, embora o cartaz não esteja fechado e falte mais tempo - e também se inclua a transição de bilhetes. Ainda assim, "estão a correr muito bem" e "a tendência é para que possa esgotar".
Depois, há o MEO Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia: novo caso de sucesso anunciado em 2022. "Culpa" do cartaz forte, frisa Jorge Lopes, da organização, sem descurar a aparente sede de eventos e de reencontros. Aqui, há números dos bilhetes que transitaram - 20% do total de vendidos vêm dos anos cancelados. Um valor importante mas que não apaga a tendência clara: o Marés Vivas também aspira à lotação total. "Está a correr muito bem, temos dias praticamente cheios". As vendas para o estrangeiro estão "até superiores" a anos anteriores, sobretudo no dia de Maluma.
Promotora de eventos como o Super Bock Super Rock e o Sudoeste, fonte da Música no Coração antecipa um "regresso feliz" e fala numa "clara consolidação da confiança" que se vem refletindo nas vendas, com expectativas positivas para a temporada. Na região de Lisboa, o NOS Alive já tem duas modalidades de passes e um dia esgotado (9 de julho). Os restantes ingressos continuam a sair, conta Álvaro Covões: "No dia 8 estamos acima de 90%, os outros são à semana, mas estão a vender bem". Covões entende que algumas pessoas "ficaram cansadas de adiamentos", mas acredita que até ao festival as vendas vão crescer ainda mais e que poderá esgotar. Isto numa edição especial: "Os festivais foram das primeiras coisas a cair e das últimas a voltar, pelo que penso que serão uma celebração".
JN North Festival com vendas em ascensão
Evento em maio no Porto também aponta para lotações repletas.
Depois do sucesso do Sonar Lisboa e do Maia Compact Records, o JN North Festival está na linha da frente dos primeiros festivais de vulto da temporada 2022: chega já nos dias 26, 27 e 28 de maio à Alfândega do Porto. Num ano especial, e à semelhança dos outros eventos musicais que regressam nesta primavera e verão, também aqui a organização se mostra tranquila com a adesão do público, antecipando que a procura aumente com o aproximar da data. "No nosso caso, houve um dia, o segundo, em que o cartaz teve de ser totalmente reformulado. Felizmente os Ornatos Violeta e os Linda Martini mantiveram-se, o que transmitiu logo confiança", explica Jorge Veloso, da organização do JN North Festival.
O responsável adianta que, mesmo com as mudanças de alinhamento, houve transições de bilhetes do ano passado e que as vendas estão a correr bem, sendo esperadas mais na fase final - sobretudo de quem ainda tinha receios sobre a situação epidemiológica e numa altura em que caiu a obrigatoriedade do uso de máscaras.
Don Diablo, Robin Schulz, The Jesus and Mary Chain (foto) e The Waterboys são alguns dos restantes nomes fortes do cartaz do JN North Festival. Jorge Veloso é claro: o objetivo, também aqui, é esgotar. E celebrar, ainda antes dos restantes, o regresso dos grandes eventos musicais de massas.
