<p>O Vaticano, através do director da sala de Imprensa da Santa Sé, reagiu, ontem, às declarações do escritor José Saramago sobre a bíblia - feitas em entrevista ao JN, aquando da apresentação de "Caim", novo livro do Nobel da Literatura, em Penafiel - declarando que "é um assunto ao qual a Igreja Católica não irá dar resposta". "A Igreja Católica está muito acima de considerações deste tipo", acrescentou. </p>
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O Prémio Nobel da Literatura afirmou que "a bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".
Entretanto, também ontem, a Aliança Evangélica Portuguesa recordou, ainda a propósito das declarações do escritor, o valor "fundamental e inalienável" da liberdade de expressão, mesmo quando as ideias mostram "ignorância, preconceito e agressividade sobre a bíblia e sobre Deus".
Por seu lado, o eurodeputado social-democrata Mário David exortou Saramago a renunciar à cidadania portuguesa por se sentir "envergonhado" com as declarações do escritor. Na Internet, o vice-presidente do Partido Popular Europeu escreveu que Saramago, "há uns anos, ameaçou renunciar à cidadania portuguesa. Pensei quão ignóbil era esta atitude. Hoje, peço-lhe que a concretize... E depressa! Tenho vergonha de o ter como compatriota! Ou julga que, a coberto da liberdade de expressão, se lhe aceitam todas as imbecilidades e impropérios?", questiona o eurodeputado, que disse que as afirmações "são pessoais e não representam o partido" por que foi eleito.
De acordo com Alfredo Abreu, da Sociedade Bíblica de Portugal, vendem-se, anualmente, em território nacional, 100 mil exemplares da bíblia, números que no Brasil chegam às dezenas de milhões.
Só as cerca de 200 sociedades bíblicas existentes em todo o Mundo vendem, por ano, entre 400 milhões e 500 milhões de exemplares em papel.