Manuel Luís Goucha reagiu a quem acusa o programa "Você na TV" de "branqueamento" Mário Machado, condenado por vários crimes de ódio.
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Foi ontem que o apresentador da TVI, descartando responsabilidades no convite ao defensor de Salazar, falou em manipulação das redes sociais e referiu que "a ideologia do politicamente correto é perigosa". Goucha, ao lado de Maria Cerqueira Gomes, garantiu que não branqueia "ditaduras nem ditadores", sejam de Esquerda ou de Direita, e assegurou que explicou em direto que "o racismo e xenofobia eram inconstitucionais".
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Ao princípio da noite desta sexta-feira, os vídeos das entrevistas de Mário Machado já não estavam disponíveis no site da TVI. Apenas podia ler-se a mensagem "ocorreu um erro".
Goucha confirmou, também, que foi ele o autor do inquérito no Facebook, com a pergunta "Precisamos de um novo Salazar?". "Fui eu que pedi uma sondagem com aquela pergunta, como peço se é a favor da corrida de touros. A maioria, como eu estava à espera, disse que não queria um ditador".
Bruno Caetano, a quem no programa se chama "repórter" e que assumiu o convite, salientou que "vivemos num estado democrata e todos temos opinião". O autor da rubrica onde o ex-líder do PNR foi ouvido denunciou, na sua página do Facebook, que estava a ser ameaçado de morte e a família insultada. Ao fim do dia, Bruno Caetano bloqueou o seu perfil e a TVI retirou, ao princípio da noite, os vídeos das entrevistas do site.
Governantes criticam
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, juntou-se à contestação e no Twitter escreveu que a atitude da TVI "não é muito diferente de quem ateia incêndios pelo prazer de ver as labaredas".
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João Costa, secretário de Estado da Educação, disse ao JN que a entrevista de Mário Machado, condenado a 12 anos de cadeia por vários crimes de ódio, entre os quais homicídio, é um tema que deve ser abordado nas escolas e discutido pelos alunos.
Atirando responsabilidades para os media no debate dessa matéria, o governante lembrou que "tudo é insuficiente no combate a radicalismo", citando o paradoxo de Karl Popper: "Sejamos intolerantes como os intolerantes".
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Entretanto, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) acusou a TVI de irresponsabilidade e instou o canal a parar de usar indevidamente o termo "repórter", que só deve ser aplicado a quem é, efetivamente, jornalista com carteira profissional. Num comunicado intitulado "Em nosso nome não!", o SJ anunciou, ainda, que vai apresentar queixas contra a TVI junto do regulador (a ERC já confirmou outras participações) e do Parlamento.
TVI reage
As direções de informação e de programas da TVI afirmaram, numa nota assinada por Sérgio Figueiredo e Bruno de Lima Santos, estar comprometidas com a emissão de "uma programação diversificada" e que "o debate entre diferentes correntes de opinião (...) faz parte de uma sociedade democrática, plural e tolerante". "Entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais que a programação da TVI respeita encontra-se a liberdade de expressão", acentuou.