Quem entra em Portugal pela fronteira de Valença, certamente não notará grandes diferenças na paisagem, pois o Minho é uma continuação da Galiza (excetuando a arquitetura mais recente), mas rapidamente a paisagem se transforma.
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Se continuar a sua viagem e for até ao Algarve ficará certamente maravilhado pela diversidade de paisagens e pela multiculturalidade que vai encontrando, podendo - passando o exagero - parecer que viajou pela Europa toda, e isto num país com pouco mais de 90.000 km2.
Nesta diversidade de paisagens poderemos, na minha opinião, encontrar paralelo nos vinhos portugueses, que são afinal muitas vezes o reflexo da paisagem que os rodeia. É realmente extraordinário pensar que Mendonza, na Argentina, é só uma região e maior que Portugal todo! Pediram-me para escolher dois vinhos de qualquer região, mas fico-me pela frescura e exuberância de um verde, a região onde nasci e cresci, e pela complexidade e estrutura do Douro, que é a minha paixão.
Azevedo Loureiro/Alvarinho 2017 - a mais recente criação do enólogo António Braga, que consegue brilhantemente passar para o vinho a elegância e harmonia da belíssima Torre de Azevedo - apresenta-se um vinho de cor brilhante e reflexos esverdeados, com muito boa intensidade aromática, revelando notas de frutos brancos e tropicais, ao mesmo tempo com uma forte componente floral. Na boca a acidez é vibrante, dando-lhe uma assinalável frescura. Tem bom volume, sobressaindo os frutos brancos, talvez do alvarinho, e terminando com grande harmonia. Um vinho muito gastronómico.
Vale d"Aldeia Grande Reserva 2014, um vinho onde a mestria do José Conceição nos faz reviver o Douro profundo, equilibrando de uma forma muito assertiva as características da Touriga Nacional com a Touriga Franca, bem harmonizadas pela Tinta Amarela e com o Sousão a dar-lhe "poder". É um vinho com uma cor rubi profunda e de grande complexidade aromática, cheio de frutos pretos, notas arbustivas, madeira muito bem integrada e algum cacau e chocolate fruto de uma boa maturação, ou não estivéssemos no Douro. Na boca tem excelente volume e taninos de grande qualidade, assim como boa acidez (que é fundamental para o seu equilíbrio), notas de especiarias e um final de assinalável longevidade e elegância. É ideal para acompanhar um cabrito no forno.
Azevedo Loureiro/Alvarinho
2017
4,99€
Quinta Vale d'Aldeia
Grande Reserva Tinto, 2014
32 €
Todos os domingos, na edição impressa do JN, damos-lhe sugestões de vinho.