A falta de luz impedia acesso a notícias, o que levou muita gente à procura de soluções que não implicassem consumir os recursos de bateria dos telemóveis. O dia de apagão devolveu a importância aos tão esquecidos rádios a pilhas.
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Em dia de apagão elétrico e com sol, segunda-feira 28 de abril, as ruas encheram-se mais depressa do que o habitual e as filas cresceram às portas dos poucos mini-mercados e as chamadas lojas chinesas de rua que estavam abertos em Benfica, em Lisboa, às 15.00 horas, cerca de quatro horas após a Península Ibérica ter ficado sem luz.
E se as correrias prioritárias às compras fizeram lembrar os tempos da Covid-19, com pessoas carregadas de sacos, água e rolos de papel higiénico, àquela hora a procura já era outra: “Já vou na terceira loja e não consigo encontrar um rádio a pilhas em lado nenhum”, lamentava uma das senhoras de meia-idade, numa das lojas dos chineses perto do Cemitério de Benfica. Neste espaço já não havia nem rádios, nem pilhas. “Como vou saber as notícias?”, perguntava-se, preocupada.
Mais abaixo, já na ainda mais movimentada Estada de Benfica do que é habitual, fazia-se fila para agarrar o eletrodoméstico mais desejado do momento. A pergunta à porta era sempre a mesma: “ainda tem rádios a pilhas?” E a resposta não era diferente 'loja sim, loja também': "Não."
“Estamos à espera que venham mais, mas não nos disseram a que horas, é esperar”, dizia uma jovem que integrava um grupo de mais de 30 pessoas à espera, numa fila e à porta de uma loja chinesa. Queria ela - e todos ali - uma oportunidade que lhe permitisse ter uma ferramenta para saber do mundo. Loja a loja que se seguisse, as portas estavam abertas, mas resposta era sempre a mesma: não havia rádios, nem pilhas, e houve quem repetisse a mesma narrativa: “Foram os primeiros a desaparecer, e já não temos há horas”, contou uma das funcionárias dos espaços de venda de bens diversos.
Sem luz em casa, procuravam-se soluções que fossem alternativas à televisão, às rádios de alimentação elétrica e qualquer outra possibilidade e que não implicasse não gastar a bateria limitada do telemóvel.
Recorde-se que Portugal e Espanha foram afetados por um corte generalizado no abastecimento elétrico, esta segunda-feira, o que continua sem ter explicação por parte das autoridades. Uma situação que levou a aeroportos a ficarem fechados, a congestionamentos nos transportes e com o trânsito nas grandes cidades, sem semáforos, a ficarem mergulhados no caos. O restabelecimento de energia aconteceu de forma gradual já a tarde ia avançando, começando pela zona centro do país.